segunda-feira, 28 de abril de 2014

A Separação

A Separação

Para que não pereça...

Gênesis 3



Quando Deus criou o homem este só tinha o conhecimento do que era bom porque tudo o que Deus criara, inclusive o homem, segundo o próprio Deus, era muito bom (Gn 1:31). Mas havia no Éden a árvore da conhecimento do bem e do mal que por si mesma não era boa nem má, mas representava a possibilidade do homem fazer suas próprias escolhas. Se comesse do seu fruto, o homem seria como Deus, conhecedor do bem e do mal, mas seria condenado à morte, conforme sentenciou o seu criador.

A árvore da ciência do bem e do mal não levaria o homem a pecar, mas sim aquele que já conhecia o mal e nunca se firmou na verdade (João 8:44). Esse é Satanás, a antiga serpente, que engana todo mundo, que foi expulso do céu  e lançado na terra (Ap 12:9). 

E por querer ser igual ou superior a Deus, Satanás apareceu no Éden na forma de serpente e tentou colocar no coração humano o mesmo desejo que o fez ser expulso do céu: ser igual a Deus.

Certo dia, a serpente encontrou a mulher no jardim do Éden e a enganou com seu diálogo encantador sutilmente negando a palavra de Deus. Primeiro, a serpente perguntou à mulher se o que Deus disse foi NÃO comer de toda a árvore do jardim. Mas a mulher disse que Deus ordenara a ela e ao seu marido não comerem do fruto da árvore que estava no meio do jardim porque se dele comessem ou nele tocassem, certamente morreriam. Um detalhe importante é que a mulher não se referiu à arvore como da ciência do bem e do mal, mas como a árvore que estava no meio jardim. 

Mas havia também uma outra árvore no meio do jardim, que era a árvore da vida (Gn 2:9). A serpente, ciente de que seria fácil enganar a mulher, até porque ela estava desacompanhada de seu marido e deu evidências de sua inocência. 

A propósito, onde estava Adão quando a serpente enganou sua mulher? Teria ela sido enganada se Adão estivesse em sua companhia? Possivelmente não porque Adão tinha mais conhecimento do criador do que a sua mulher, uma vez que fora criado primeiro. Assim, com meias verdades, a serpente fez a mulher desejar e comer o fruto proibido. 

A serpente disse a verdade quando afirmou que, ao comer do fruto proibido, os olhos do homem e da mulher seriam abertos e eles seriam como Deus conhecendo o bem e o mal (Gn 3:7; Gn 3:22). Porém, a serpente negou a palavra de Deus quando disse “certamente não morrereis”. Já seduzida, a mulher viu o fruto da árvore da ciência do bem e do mal com um novo olhar, o olhar do desejo. E vendo ela que a árvore era agradável para obter conhecimento,  comeu do seu fruto e deu-o também ao seu marido, desobedecendo ambos às ordem de Deus. É importante considerar, porém, que Adão comeu o fruto proibido, mas ele não foi enganado, como foi sua mulher (I Tim 2:14). 

Ao comerem do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, os olhos do homem e da mulher foram abertos, conforme disse a serpente. Assim, ambos, sendo contaminados pelo mal, viram a nudez não mais com os olhos de quem é puro e puro tudo vê, mas sim com os olhos de quem é impuro e, por conseguinte, tudo vê como impuro (Tt 1:15). Por isso, eles cobriram a nudez com folhas escondendo-se de si mesmos e da presença de Deus.

Ao ouvirem a voz do Senhor que passeava pelo jardim na viração do dia, o homem e a mulher se esconderam. Deus perguntou ao homem: “onde estás?”. Adão respondeu que havia se escondido de Deus porque estava nu. Mas Deus, vendo Adão assim tão diferente, perguntou-lhe quem mostrou-lhe que estava nu e, em seguida, Deus perguntou ao homem se ele havia comido do fruto proibido. 

Observe que Deus, que é onisciente, não perguntou a Adão como ele percebeu que estava nu, mas quem mostrou isso a ele. Isso significava que por si mesmos o homem e a mulher não descobririam o mal. Adão, porém, em vez de assumir sua responsabilidade, principalmente porque não foi enganado, respondeu a Deus que a mulher que Deus lhe dera deu-lhe do fruto proibido e ele comeu. 

A mulher, no entanto, quando Deus lhe perguntara o que ela havia feito, disse a verdade: que a serpente a enganou e ela comeu o fruto proibido. Ela assumiu o próprio erro e não jogou qualquer culpa para o marido, já que ela estava desacompanhada quando a serpente a enganou.

A serpente nada disse, já que tinha alcançado o seu objetivo de fazer cair o homem e a mulher, que representavam a imagem e semelhança de Deus. Mas o Senhor condenou a serpente a rastejar sobre o próprio ventre e a comer pó, além de torná-la maldita entre todos os animais selvagens. 

Após sentenciá-la, Deus fez à serpente uma promessa que já iniciava o plano de salvação da humanidade, que herdara de Adão e Eva o pecado e a sentença de morte. Nessa promessa, Deus disse à serpente
que haveria inimizade entre ela e a mulher e entre a descendência de ambas, pois o descendente da mulher seria aquele que feriria a cabeça da serpente e esta lhe feriria apenas o calcanhar. 

Mas por que Deus fala da descendência da mulher e não do homem, já que o homem é o gerador da humanidade? Observe que, após serem expulsos do Éden, a mulher, a quem Adão pôs o nome de Eva, não deixou de se lembrar de Deus ao pôr os nomes de seus filhos (Gn 4:1,25). Mas depois da separação do Éden, a Bíblia não menciona qualquer indício de retorno do relacionamento entre Adão e Deus, o seu criador.

Jesus foi o cumprimento da promessa de Deus à serpente e a ele foi dado o poder para pisar a serpente. Esse mesmo poder ele deu aos seus seguidores (Lucas 10:19). Observe que a promessa de Deus cumpriu-se fielmente em Jesus, pois de fato ele foi descendente da mulher e não do homem, uma vez que Maria, a sua mãe, concebeu-o virgem.

No Éden, o homem e a mulher, assim como a serpente, também receberam seus castigos.  O homem foi condenado batalhar pelo sustento com o suor do próprio rosto e toda a terra tornou-se maldita por causa dele. Já a mulher foi condenada a ter filhos com muitas dores e a ser dominada pelo seu marido. 

Mas a pior sentença para o homem certamente seria retornar ao pó de onde veio e ser consciente de uma nova verdade: que ele e toda a vida na terra tornaram-se mortais. Uma vez que se tornou mortal e tinha conhecimento do bem e do mal, o homem poderia reverter a condenação de Deus comendo do fruto da outra árvore que estava no meio do jardim, isto é, a árvore da vida. Mas, como Deus, ninguém pode invalidar a palavra de Deus. Assim, da mesma forma como Satanás foi expulso do céu por rebelião, o homem e a mulher foram expulsos do Jardim do Éden por desobediência, antes rebelassem contra a condenação de Deus e comessem do fruto da árvore da vida que lhes devolveria a capacidade de serem eternos.

Antes de serem expulsos do Paraíso, Adão chamou a sua mulher de Eva, que significa “mãe da vida”. Porém, a vida não voltaria a ser como antes da queda. Para mostrar isso, Deus vestiu Adão e Eva com peles de animais. Os animais que Adão pôs nomes morreram ali para vestirem os primeiros pecadores e mortais da humanidade. A morte desses animais sinalizava que, a partir daquele triste dia, sangue seria derramado para cobrir o pecado da humanidade. 

Possivelmente, após dar um nome a Eva e vestir as roupas de peles de animais, Adão entristeceu-se ao lembrar dos melhores momentos quando reuniu-se em perfeita harmonia com os animais, com a natureza e com Deus para dar-lhes nomes e Deus lhe presenteou com uma mulher que seria sua companheira. 

As peles dos animais foram a última lembrança que o  homem e a mulher levaram do paraíso. Depois do Éden, só haveria a certeza de que a morte faria parte da vida deles

Eva foi o último nome que Adão atribuiu. Depois disso, não se mencionou mais na Bíblia que Adão dera nomes a qualquer ser vivo, nem mesmo aos seus filhos, cujos nomes foram atribuídos por Eva, sempre lembrando do Senhor, apesar da separação que aconteceu no Éden (Gn 4:1, 25).

A promessa de que da mulher viria o descendente que esmagaria a cabeça da serpente e as peles dos animais mortos foram as lembranças que Adão e Eva levaram do Éden como marcos iniciais do plano de salvação de Deus para resgatar a humanidade do pecado e da morte herdados de Adão. 

A morte dos animais no Éden além da mensagem de que sangue seria derramado para cobrir o pecado homem, trazia um significado maior de que Deus derramava o que havia de mais precioso na criação que é o sangue, isto é, a vida (Gn 9:4), para salvar o homem da condenação da morte. Mas o sangue que de fato salvaria o homem da morte seria o sangue do descendente da mulher que derrotaria a serpente. Isso porque a condenação da morte só poderia ser anulada se um humano sem pecado fosse capaz de morrer para cobrir os pecados de toda a humanidade. 

Tal sacrifício só poderia verdadeiramente vir de um grande Amor, que só Deus pode ter, pois só Ele dá a vida para salvar o homem, conforme a mensagem embutida na morte dos animais no Éden. Por isso, Deus fez-se homem, na pessoa de seu próprio filho, para morrer em favor de todos. Como nele não se achou pecado, a morte não teria poder sobre Ele, por isso, ressuscitou dentre os mortos consolidando a salvação de toda a humanidade.

Questões
1. O pecado entrou no mundo por decisão do homem ou por influência do Diabo na forma de serpente?

2. Quais os significados dos animais mortos no Éden em relação ao plano de salvação de Deus? Você acha que Adão e Eva entenderam esses significados? Explique suas respostas.

3. O apóstolo Paulo disse que se Jesus não ressuscitou dentre os mortos é vã a nossa fé (I Cor 15:14). Por que se Jesus não ressuscitasse o plano de salvação de Deus não teria valor?

4. O que essa história fala ao seu coração?