domingo, 29 de junho de 2014

A linhagem de Noé e a dispersão dos povos

A Linhagem de Noé e a 
Dispersão dos Povos

...Para que o mundo fosse salvo por Ele
Gênesis 10, 11







Depois do dilúvio, a família de Noé começou a repovoação do mundo e dos três filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé, vieram as nações que seriam alcançadas pelo plano de salvação de Deus. Os descendentes de Sem representaram os semitas, isto é, o povo eleito por Deus para abençoar todas as famílias de terra, conforme foi anunciado na bênção de Noé (Gn 9:26) e na promessa a Abraão (Gn 12:3).

Os descendentes de Cam representaram os povos que ocuparam a terra de Canaã e que optaram viver longe da influência de Deus, escolhendo permanecer debaixo da maldição de Noé lançada a Cam quando este o viu nu (Gn 9:25).

Os descendentes de Jafé, sendo povos marítimos, ampliaram seus territórios e, futuramente, compartilhariam a bênção da salvação herdada pelos descendentes de Sem, conforme a bênção de Noé (Gn 9:27).

O plano de salvação de Deus alcançaria, portanto, os israelitas (descendentes de Sem) e depois os gentios (descendentes de Jafé). Os filhos de Cam, não pela maldição de Noé, mas pela opção de permanecerem rebeldes contra o Senhor, não quiseram compromisso com Deus. Longe de Deus, povoaram a terra de Canaã. Mas por sua rebeldia, idolatria e prostituição, os descendentes de Cam foram expulsos de Canaã pela nação descendente de Sem e eleita do Senhor.

A partir dos filhos de Noé, as nações se dispersaram pelo mundo e falavam todas a mesma língua. E partindo os homens do oriente, fixaram-se na planície de Sinear. Lá, eles colocaram em seus corações edificar um torre que tocasse o céu com os objetivos de tornarem-se famosos e de não serem espalhados sobre a face da terra.

Quando o Senhor viu a torre que os homens edificavam, entendeu que a vaidade entrara de novo no coração dos homens a ponto de quererem tocar o céu, isto é, chegarem até Deus para demonstrar poderio. Como o povo era um só, falava a mesma língua e já tinham essas ideias, concluiu Deus que tão-logo se levantariam contra o poder de Deus, pois ninguém poderia impedir-lhes de fazer o que intentassem. Para que não se formasse um reino unificado fora do domínio de Deus, o Senhor confundiu as línguas e, como os povos não mais se entendiam, sem comunicação, não conseguiram avançar nas obras da torre. Por isso, chamou-se o nome daquele lugar Babel, que significa confusão. A construção da Torre de Babel cessou e os povos foram espalhados sobre a terra.

Nos tempos da construção da Torre de Babel, Ninrode, descendente de Cam era o poderoso da terra e Babel foi o princípio do seu império junto com outras cidades de Sinear. Depois ele expandiu o seu império para a Assíria (Gn 10:8-11). Ninrode tinha o caráter altivo e já tinha a índole rebelde da linhagem de Cam, por isso, acredita-se que ele tenha sido o mentor da construção da Torre de Babel. A intenção por trás da construção era, dessa forma, estabelecer um domínio unificado sobre a terra e em oposição a Deus. Isso pode ser confirmado pelo fato de que Babel foi o começo da futura Babilônia que, de acordo com os textos bíblicos e a história, foi um império poderoso no mundo que levou o povo de Deus ao cativeiro e destruiu Jerusalém, cidade-símbolo da reino de Deus aqui na terra.


A Torre de Babel foi, portanto, uma ameaça perigosa ao plano de salvação de Deus porque se ela fosse concluída, formar-se-ia um império unificado na terra submisso a Ninrode e não a Deus. Dessa forma, como Cam, as nações submissas se rebelariam contra Deus e perderiam a bênção de serem salvas, segundo o plano de salvação de Deus. Para não anular sua promessa, Deus confundiu as línguas e espalhou as nações para que, um dia, só em Cristo, elas voltassem a ser uma e dele recebessem a salvação eterna, que é a bênção de Deus prometida a todas os povos que nele cressem.


Qual foi o problema da torre de Babel?




Com os homens sendo um só, eles podem fazer o que quiserem e nada lhes será impedido, segundo Deus disse. Por que? Por que essa unidade seria útil também para a igreja?

sábado, 21 de junho de 2014

O Dilúvio e o Quase-fim-do-mundo


O Dilúvio e o Quase-fim-do-mundo
Não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele...
Gênesis 6-9



A partir de Adão, o pecado foi se multiplicando na terra e contaminando cada vez mais a raça humana, de sorte que esta inclinou-se para o mal e todo o desígnio do seu coração passou a ser continuamente mau. Vendo Deus que a sua criação estava corrompida pela propagação caótica do pecado no coração dos homens, arrependeu-se Deus de haver criado o homem.

Uma vez que o pecado já havia se tornado parte da natureza humana, não seria possível destrui-lo sem também destruir o homem e todo o mundo, uma vez que o mundo inteiro jaz no maligno (I Jo 5:19). O coração de Deus pesou sobremaneira quando Ele se arrependeu de ter criado o homem e considerou extinguir a vida na face da terra. Não era, dessa maneira, a intenção de Deus condenar o mundo, já que o amava de tal maneira (Jo 3:16), mas sim eliminar o pecado que fazia os homens destruirem-se a si mesmos, uns aos outros e a própria terra, que geme em dores de parto sob os efeitos do pecado (Rm 8:22-23).

No entanto, em um mundo que jaz no maligno, houve um homem que fez a diferença, alcançou graça diante de Deus e salvou a humanidade de ser para sempre extinta da terra. Esse homem chamava-se Noé, homem justo, respeitado entre os seus contemporâneos e que andava com Deus. 

Destruiria Deus a vida na face da terra sabendo que havia no mundo um homem como Noé? Deus não desistiu de destruir o pecado, mas decidiu salvar Noé e sua família, já que os demais homens, contaminados pelo pecado, não se importaram em ser salvos. Noé, porém, sendo divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça, que é segundo a fé (Hb 11:7). Mas, os homens não deram ouvidos à pregação da justiça de Noé e muito menos se arrependeram dos seus pecados, pois nos dias anteriores ao dilúvio, viviam comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos (Mt 24.37-39 ).

Após construída a arca, entraram nela Noé, sua mulher, seus três filhos, as suas noras e casais de diferentes espécies de animais. Era Noé da idade de seiscentos anos, quando as águas do dilúvio inundaram a terra.

O dilúvio caiu sobre a terra por cerca de 150 dias e até que as águas minguassem, demorou-se um ano e dez dias para Noé e sua família saírem da arca. Assim, tudo que havia no seco e fora da arca expirou. Mas Deus, por meio de Noé, de sua família e dos animais que entraram na arca, deu continuidade à vida e à promessa do Éden, de que do descendente da mulher viria aquele que esmagaria a serpente e salvaria a humanidade de seus pecados. E os filhos de Noé representaram os povos que seriam os beneficiados do plano de salvação, isto é, os judeus e gentios, e os que dele seriam excluídos por negarem-se a viver debaixo do temor de Deus.

Tão nova, tão limpa e tão enxuta encontrava-se a terra após ser castigada pelas águas do dilúvio. A terra estava pronta para receber de volta a vida, embora jamais voltasse ao estado inicial da criação, uma vez que o pecado não foi embora com as águas do dilúvio e voltaria junto com o homem tão-logo este pisasse na terra e a repovoasse.

Depois que Noé, a sua família e as espécies de animais salvas saíram da arca, a terra foi devolvida ao domínio do homem. Como no princípio da criação do mundo, Deus abençoou a vida e repetiu a ordem inicial a todos os seres viventes: povoai a terra, sede fecundos e multiplicai-vos. Porém, o relacionamento entre os seres vivos pós-dilúvio já não seria tão harmônico, pois pavor e medo viriam sobre os animais da terra e das águas, pois eles agora poderiam servir de alimentos assim como os vegetais. Assim, começou a luta pela sobrevivência e o predomínio das espécies mais fortes, sendo o homem aquele que recebeu de Deus o poder de dominar sobre todas as espécies.

Deus permitiu que o homem se alimentasse da carne animal, porém, ordenou-lhe que não comesse a carne com seu sangue, uma vez que o sangue representava a vida e a vida pertencia a Deus. Da mesma forma, Deus proibiu que o homem derramasse o sangue de outro homem, pois o homem representava a imagem e semelhança de Deus. Derramar sangue humano na terra seria, portanto, uma agressão à imagem de Deus. Por isso, todo sangue humano derramado seria requerido por Deus da mão do homem, como foi requerido de Caim, quando assassinou seu irmão.

Antes e depois do dilúvio, porém, não havia lei. Por isso, Deus estabelecia ordens que não deveriam jamais ser violadas. As regras de não matar e não comer sangue, por exemplo, são regras que permaneceram antes e depois da lei do Velho Testamento e se permaneceram mesmo depois do Novo Testamento.

Para restaurar o seu relacionamento com a humanidade, Deus também fez alianças com o homem. Depois do dilúvio, Deus estabeleceu uma aliança perpétua e unilateral, isto é, incondicional, com Noé e todos os seres viventes. Deus prometeu a Noé e a todo ser vivente que não haveria mais dilúvio sobre a terra e pôs como marca perpétua dessa aliança o arco-íris. Deus disse que sempre que chovesse sobre a terra e aparecesse o arco-íris entre as nuvens Ele se lembraria de sua aliança de não mais destruir a vida na terra com as águas do dilúvio. E até hoje, o sinal da aliança de Deus com a humanidade surge entre as nuvens após as chuvas para lembrar o homem da fidelidade de Deus a sua aliança.

De volta à terra, Noé e sua família dão continuidade à vida humana. Eles povoaram a terra e se multiplicaram. Na luta pela sobrevivência, eles também trabalhavam. Noé, sendo lavrador da terra, plantou uma vinha. O pecado então voltou a dar os sinais de que ainda fazia parte da natureza humana. Feliz de ter cultivado uma vinha, Noé embriagou-se com o vinho que produziu e perdeu o controle de si expondo-se à vergonha perante a sua família. Bêbado, Noé, despiu-se e deixou exposta a sua nudez diante dos seus filhos.

Antes do pecado entrar no mundo, a nudez era natural. Mas, após a queda do homem, esta foi coberta pelo próprio homem e depois por Deus, quando matou os primeiros animais para cobrir o que os olhos humanos tornaram pecado. Dessa forma, despir-se da forma como Noé fez, tomado pelo vinho, trazia o significado de descobrir o que Deus havia coberto. Sendo assim, descobriu-se de novo o pecado e, junto com a vida, ele foi se multiplicando de novo na terra a partir do coração do homem.

O filho mais novo de Noé, chamado Cão, ao ver a nudez de seu pai, em vez de cobri-la, chamou os outros irmãos para verem Noé nu. Mas, por temor a Deus, os dois outros filhos de Noé, Sem e Jafé, vieram até seu pai, mas, sem olhar para a nudez dele, cobriram-na.

Passado o efeito da embriaguez, Noé, tomando consciência do vexame que passou e sabendo que seu filho mais novo Cão o viu nu, amaldiçoou a descendência de seu filho condenando-a a ser servo dos servos de seus irmãos. Em seguida, Noé, abençoou os seus outros dois filhos, Sem e Jafé, com as seguintes palavras: "Bendito seja o Deus de Sem...Engradeça Deus a Jafé e habite ele nas tendas de Sem e Canaã lhe seja servo" (Gn 9:26-27).

Curiosamente, de Sem, descenderam os semitas que deram origem a Abraão, que foi pai da grande nação escolhida de Deus, os israelitas. Já as bênçãos de Jafé, representando os gentios (ou não judeus), viriam de Sem, de cuja linhagem veio o povo de Deus, o “Deus de Sem”, como disse Noé.

Já a linhagem de Cão deu origem às nações rebeldes que habitavam a terra prometida e que foram expulsas pelos descendentes de Abraão. Os que sobraram dos descendentes de Cão na terra de Canaã tornaram-se “servo dos servos” dos israelitas, conforme havia dito Noé (Josué 9).

O plano de salvação de Deus, que iniciou no Éden com a promessa de que do descendente da mulher viria aquele que pisaria a cabeça da serpente e redimiria a humanidade, assim como a vida humana e o pecado, teve continuidade após o dilúvio. Deus escolheu a linhagem de Sem para abençoar todas as famílias da terra, pois dela viria Jesus, o messias que redimiria a humanidade. 

As famílias de Jafé receberam a bênção, mas as famílias de Cão optaram em ficar com a maldição e oporem-se a Deus escolhendo para si seus próprios deuses e um destino de destruição, pois foram lançados fora da terra de Canaã, a terra prometida por Deus aos descendentes de Abraão.

Os descendentes de Cão não estavam condenados a serem para sempre amaldiçoados. Eles foram expulsos da terra prometida porque contaminaram a terra e tornaram-se abomináveis diante de Deus por causa da idolatria, da prostituição e da matança de crianças que realizam para oferecer sacrifícios a deuses, que na verdade eram demônios.

Os descendentes de Cão escolheram viver sob a maldição, mas poderiam dela tornarem-se livres caso se arrependessem de seus pecados e se voltassem para Deus. Um exemplo disso, é a prostituta Raabe, que poderia ter morrido junto com todas as pessoas da cidade de Jericó, que ficava em Canaã e foi destruída pelos israelitas sob o comando de Josué. Raabe, porém, escolheu ser salva ao reconhecer que o Senhor era Deus e ao ajudar os homens de Israel que foram espiar a cidade de Jericó antes de destrui-la (Josué 2, 6: 22-25).

Mesmo sendo da terra de Canaã, Raabe não foi condenada a ser “serva dos servos” como Cão, mas teve lugar de honra em Israel, fazendo parte da linhagem real da qual veio o messias que salvaria a humanidade de seus pecados (Mt. 1:5).

Questões

1. Que povos representavam os filhos de Noé no plano de salvação de Deus?

2. Noé amaldiçoou seu filho Cão e essa maldição foi estendida aos seus descendentes. Já os filhos de Sem receberam a bênção de ser a nação escolhida por Deus para ser próspera e para, a partir dela,  serem abençoados os filhos de Jafé, isto é, os gentios. Você acha que a maldição destinada aos descendentes de Cão poderia ser anulada por Deus? Ou seria Deus injusto mantendo-os sob maldição?

3. Dê exemplos de cananeus que não foram vítimas da maldição de Noé ao seu filho Cão mas também foram abençoados a partir dos descendentes de Sem?


sábado, 14 de junho de 2014

A Propagação do Pecado

A propagação do pecado
Os homens amaram mais as trevas do que a luz...
Gênesis 4:1-16; Gn 6






Depois de serem expulsos do Éden, Adão e Eva deram continuidade à raça humana e nela
propagaram o pecado que conheceram quando comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

Adão e Eva tiveram filhos e filhas. A partir de então, os homens começaram a multiplicar-se na terra e junto com eles o pecado. Mas, embora o pecado tenha se propagado por toda a raça humana, a consciência de ser mortal tornou-se um freio do poder do pecado na vida do homem, pois sabendo ele que o salário do pecado é a morte (Rm 6:23), para prolongar sua sobrevivência, impõe limites sobre seus desejos e ações.

Ainda que tivessem a consciência de que eram mortais, o conhecimento real que Adão e Eva tinham da morte vinha da lembrança das peles de animais com as quais Deus os vestiu no Éden. Talvez acreditassem que, como a vida, a morte seria um processo natural, que viria somente sob ordenança divina. Porém, a primeira morte humana, não foi natural porque Caim, filho de Adão, assassinou seu irmão Abel. Evidenciou-se, desse modo, que a morte não era apenas parte natural da vida, mas que poderia ser induzida pelo pecado e fazer um homem tirar a vida de outro.

Embora o homem não tivesse poder sobre a morte quando esta lhe assaltasse, como aconteceu com Abel, o homem poderia ter domínio sobre o pecado, o que Caim não fez e, por isso, matou seu irmão Abel.

Caim sentiu inveja de Abel porque Deus se agradou mais da oferta de seu irmão do que da dele. Além da inveja, Caim conheceu o pecado da ira em seu coração. Deus disse a Caim que ele poderia ser aceito como Abel, caso procedesse bem mudando sua atitude no ato de oferecer algo a Deus. Mas, se Caim procedesse mal, o pecado estaria à porta e seria contra ele.

A escolha de Caim era pessoal e cabia a ele dominar o seu desejo de cometer um homicídio. Mas, como seus pais, Caim fez a escolha errada. Porém, Caim, mesmo tendo ciência do bem e do mal fez a escolha de pecar. Assim, Caim, não contendo a sua inveja e a sua ira, consumou-os em um ato de assassinato contra seu irmão. Como consequências dos pecados que não conseguiu dominar, Caim separou-se de Deus, tornou-se fugitivo na terra e suportou como pior castigo a culpa pela morte de seu irmão.

Adão e Eva tiveram um outro filho, chamado Sete, que os consolou da morte de Abel e da perda de Caim. Eva, certamente lembrando-se da promessa do Éden, louvou a Deus porque lhe dera um outro descendente, o que faz lembrar a promessa do Éden: que do descendente da mulher viria aquele que esmagaria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15). De fato, da descendência de Sete, veio o messias que salvaria a humanidade dos seus pecados e da condenação da morte.

Mas muito antes da vinda de Jesus Cristo, à medida que o homem se multiplicava na terra, o pecado se alastrava cada vez mais na humanidade. Até os filhos de Deus, que, segundo algumas interpretações podem ser filhos de Sete ou de anjos caídos, foram inflamados pela sensualidade, envolveram-se com as filhas dos homens e delas geraram filhos, que foram os chamados gigantes da terra.

Vendo Deus que a maldade do homem se multiplicara na terra e que o pecado já se tornara parte da essência humana, arrependeu-se Deus de haver criado o homem e isso lhe doeu no coração. Decidiu então Deus exterminar a vida na terra, já que para destruir o pecado teria que destruir também a humanidade, uma vez que nela residia o conhecimento do mal que fazia toda a criação gemer e suportar as angústias dos efeitos do pecado (Rm 8:22).