sábado, 14 de junho de 2014

A Propagação do Pecado

A propagação do pecado
Os homens amaram mais as trevas do que a luz...
Gênesis 4:1-16; Gn 6






Depois de serem expulsos do Éden, Adão e Eva deram continuidade à raça humana e nela
propagaram o pecado que conheceram quando comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

Adão e Eva tiveram filhos e filhas. A partir de então, os homens começaram a multiplicar-se na terra e junto com eles o pecado. Mas, embora o pecado tenha se propagado por toda a raça humana, a consciência de ser mortal tornou-se um freio do poder do pecado na vida do homem, pois sabendo ele que o salário do pecado é a morte (Rm 6:23), para prolongar sua sobrevivência, impõe limites sobre seus desejos e ações.

Ainda que tivessem a consciência de que eram mortais, o conhecimento real que Adão e Eva tinham da morte vinha da lembrança das peles de animais com as quais Deus os vestiu no Éden. Talvez acreditassem que, como a vida, a morte seria um processo natural, que viria somente sob ordenança divina. Porém, a primeira morte humana, não foi natural porque Caim, filho de Adão, assassinou seu irmão Abel. Evidenciou-se, desse modo, que a morte não era apenas parte natural da vida, mas que poderia ser induzida pelo pecado e fazer um homem tirar a vida de outro.

Embora o homem não tivesse poder sobre a morte quando esta lhe assaltasse, como aconteceu com Abel, o homem poderia ter domínio sobre o pecado, o que Caim não fez e, por isso, matou seu irmão Abel.

Caim sentiu inveja de Abel porque Deus se agradou mais da oferta de seu irmão do que da dele. Além da inveja, Caim conheceu o pecado da ira em seu coração. Deus disse a Caim que ele poderia ser aceito como Abel, caso procedesse bem mudando sua atitude no ato de oferecer algo a Deus. Mas, se Caim procedesse mal, o pecado estaria à porta e seria contra ele.

A escolha de Caim era pessoal e cabia a ele dominar o seu desejo de cometer um homicídio. Mas, como seus pais, Caim fez a escolha errada. Porém, Caim, mesmo tendo ciência do bem e do mal fez a escolha de pecar. Assim, Caim, não contendo a sua inveja e a sua ira, consumou-os em um ato de assassinato contra seu irmão. Como consequências dos pecados que não conseguiu dominar, Caim separou-se de Deus, tornou-se fugitivo na terra e suportou como pior castigo a culpa pela morte de seu irmão.

Adão e Eva tiveram um outro filho, chamado Sete, que os consolou da morte de Abel e da perda de Caim. Eva, certamente lembrando-se da promessa do Éden, louvou a Deus porque lhe dera um outro descendente, o que faz lembrar a promessa do Éden: que do descendente da mulher viria aquele que esmagaria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15). De fato, da descendência de Sete, veio o messias que salvaria a humanidade dos seus pecados e da condenação da morte.

Mas muito antes da vinda de Jesus Cristo, à medida que o homem se multiplicava na terra, o pecado se alastrava cada vez mais na humanidade. Até os filhos de Deus, que, segundo algumas interpretações podem ser filhos de Sete ou de anjos caídos, foram inflamados pela sensualidade, envolveram-se com as filhas dos homens e delas geraram filhos, que foram os chamados gigantes da terra.

Vendo Deus que a maldade do homem se multiplicara na terra e que o pecado já se tornara parte da essência humana, arrependeu-se Deus de haver criado o homem e isso lhe doeu no coração. Decidiu então Deus exterminar a vida na terra, já que para destruir o pecado teria que destruir também a humanidade, uma vez que nela residia o conhecimento do mal que fazia toda a criação gemer e suportar as angústias dos efeitos do pecado (Rm 8:22). 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

A Separação

A Separação

Para que não pereça...

Gênesis 3



Quando Deus criou o homem este só tinha o conhecimento do que era bom porque tudo o que Deus criara, inclusive o homem, segundo o próprio Deus, era muito bom (Gn 1:31). Mas havia no Éden a árvore da conhecimento do bem e do mal que por si mesma não era boa nem má, mas representava a possibilidade do homem fazer suas próprias escolhas. Se comesse do seu fruto, o homem seria como Deus, conhecedor do bem e do mal, mas seria condenado à morte, conforme sentenciou o seu criador.

A árvore da ciência do bem e do mal não levaria o homem a pecar, mas sim aquele que já conhecia o mal e nunca se firmou na verdade (João 8:44). Esse é Satanás, a antiga serpente, que engana todo mundo, que foi expulso do céu  e lançado na terra (Ap 12:9). 

E por querer ser igual ou superior a Deus, Satanás apareceu no Éden na forma de serpente e tentou colocar no coração humano o mesmo desejo que o fez ser expulso do céu: ser igual a Deus.

Certo dia, a serpente encontrou a mulher no jardim do Éden e a enganou com seu diálogo encantador sutilmente negando a palavra de Deus. Primeiro, a serpente perguntou à mulher se o que Deus disse foi NÃO comer de toda a árvore do jardim. Mas a mulher disse que Deus ordenara a ela e ao seu marido não comerem do fruto da árvore que estava no meio do jardim porque se dele comessem ou nele tocassem, certamente morreriam. Um detalhe importante é que a mulher não se referiu à arvore como da ciência do bem e do mal, mas como a árvore que estava no meio jardim. 

Mas havia também uma outra árvore no meio do jardim, que era a árvore da vida (Gn 2:9). A serpente, ciente de que seria fácil enganar a mulher, até porque ela estava desacompanhada de seu marido e deu evidências de sua inocência. 

A propósito, onde estava Adão quando a serpente enganou sua mulher? Teria ela sido enganada se Adão estivesse em sua companhia? Possivelmente não porque Adão tinha mais conhecimento do criador do que a sua mulher, uma vez que fora criado primeiro. Assim, com meias verdades, a serpente fez a mulher desejar e comer o fruto proibido. 

A serpente disse a verdade quando afirmou que, ao comer do fruto proibido, os olhos do homem e da mulher seriam abertos e eles seriam como Deus conhecendo o bem e o mal (Gn 3:7; Gn 3:22). Porém, a serpente negou a palavra de Deus quando disse “certamente não morrereis”. Já seduzida, a mulher viu o fruto da árvore da ciência do bem e do mal com um novo olhar, o olhar do desejo. E vendo ela que a árvore era agradável para obter conhecimento,  comeu do seu fruto e deu-o também ao seu marido, desobedecendo ambos às ordem de Deus. É importante considerar, porém, que Adão comeu o fruto proibido, mas ele não foi enganado, como foi sua mulher (I Tim 2:14). 

Ao comerem do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, os olhos do homem e da mulher foram abertos, conforme disse a serpente. Assim, ambos, sendo contaminados pelo mal, viram a nudez não mais com os olhos de quem é puro e puro tudo vê, mas sim com os olhos de quem é impuro e, por conseguinte, tudo vê como impuro (Tt 1:15). Por isso, eles cobriram a nudez com folhas escondendo-se de si mesmos e da presença de Deus.

Ao ouvirem a voz do Senhor que passeava pelo jardim na viração do dia, o homem e a mulher se esconderam. Deus perguntou ao homem: “onde estás?”. Adão respondeu que havia se escondido de Deus porque estava nu. Mas Deus, vendo Adão assim tão diferente, perguntou-lhe quem mostrou-lhe que estava nu e, em seguida, Deus perguntou ao homem se ele havia comido do fruto proibido. 

Observe que Deus, que é onisciente, não perguntou a Adão como ele percebeu que estava nu, mas quem mostrou isso a ele. Isso significava que por si mesmos o homem e a mulher não descobririam o mal. Adão, porém, em vez de assumir sua responsabilidade, principalmente porque não foi enganado, respondeu a Deus que a mulher que Deus lhe dera deu-lhe do fruto proibido e ele comeu. 

A mulher, no entanto, quando Deus lhe perguntara o que ela havia feito, disse a verdade: que a serpente a enganou e ela comeu o fruto proibido. Ela assumiu o próprio erro e não jogou qualquer culpa para o marido, já que ela estava desacompanhada quando a serpente a enganou.

A serpente nada disse, já que tinha alcançado o seu objetivo de fazer cair o homem e a mulher, que representavam a imagem e semelhança de Deus. Mas o Senhor condenou a serpente a rastejar sobre o próprio ventre e a comer pó, além de torná-la maldita entre todos os animais selvagens. 

Após sentenciá-la, Deus fez à serpente uma promessa que já iniciava o plano de salvação da humanidade, que herdara de Adão e Eva o pecado e a sentença de morte. Nessa promessa, Deus disse à serpente
que haveria inimizade entre ela e a mulher e entre a descendência de ambas, pois o descendente da mulher seria aquele que feriria a cabeça da serpente e esta lhe feriria apenas o calcanhar. 

Mas por que Deus fala da descendência da mulher e não do homem, já que o homem é o gerador da humanidade? Observe que, após serem expulsos do Éden, a mulher, a quem Adão pôs o nome de Eva, não deixou de se lembrar de Deus ao pôr os nomes de seus filhos (Gn 4:1,25). Mas depois da separação do Éden, a Bíblia não menciona qualquer indício de retorno do relacionamento entre Adão e Deus, o seu criador.

Jesus foi o cumprimento da promessa de Deus à serpente e a ele foi dado o poder para pisar a serpente. Esse mesmo poder ele deu aos seus seguidores (Lucas 10:19). Observe que a promessa de Deus cumpriu-se fielmente em Jesus, pois de fato ele foi descendente da mulher e não do homem, uma vez que Maria, a sua mãe, concebeu-o virgem.

No Éden, o homem e a mulher, assim como a serpente, também receberam seus castigos.  O homem foi condenado batalhar pelo sustento com o suor do próprio rosto e toda a terra tornou-se maldita por causa dele. Já a mulher foi condenada a ter filhos com muitas dores e a ser dominada pelo seu marido. 

Mas a pior sentença para o homem certamente seria retornar ao pó de onde veio e ser consciente de uma nova verdade: que ele e toda a vida na terra tornaram-se mortais. Uma vez que se tornou mortal e tinha conhecimento do bem e do mal, o homem poderia reverter a condenação de Deus comendo do fruto da outra árvore que estava no meio do jardim, isto é, a árvore da vida. Mas, como Deus, ninguém pode invalidar a palavra de Deus. Assim, da mesma forma como Satanás foi expulso do céu por rebelião, o homem e a mulher foram expulsos do Jardim do Éden por desobediência, antes rebelassem contra a condenação de Deus e comessem do fruto da árvore da vida que lhes devolveria a capacidade de serem eternos.

Antes de serem expulsos do Paraíso, Adão chamou a sua mulher de Eva, que significa “mãe da vida”. Porém, a vida não voltaria a ser como antes da queda. Para mostrar isso, Deus vestiu Adão e Eva com peles de animais. Os animais que Adão pôs nomes morreram ali para vestirem os primeiros pecadores e mortais da humanidade. A morte desses animais sinalizava que, a partir daquele triste dia, sangue seria derramado para cobrir o pecado da humanidade. 

Possivelmente, após dar um nome a Eva e vestir as roupas de peles de animais, Adão entristeceu-se ao lembrar dos melhores momentos quando reuniu-se em perfeita harmonia com os animais, com a natureza e com Deus para dar-lhes nomes e Deus lhe presenteou com uma mulher que seria sua companheira. 

As peles dos animais foram a última lembrança que o  homem e a mulher levaram do paraíso. Depois do Éden, só haveria a certeza de que a morte faria parte da vida deles

Eva foi o último nome que Adão atribuiu. Depois disso, não se mencionou mais na Bíblia que Adão dera nomes a qualquer ser vivo, nem mesmo aos seus filhos, cujos nomes foram atribuídos por Eva, sempre lembrando do Senhor, apesar da separação que aconteceu no Éden (Gn 4:1, 25).

A promessa de que da mulher viria o descendente que esmagaria a cabeça da serpente e as peles dos animais mortos foram as lembranças que Adão e Eva levaram do Éden como marcos iniciais do plano de salvação de Deus para resgatar a humanidade do pecado e da morte herdados de Adão. 

A morte dos animais no Éden além da mensagem de que sangue seria derramado para cobrir o pecado homem, trazia um significado maior de que Deus derramava o que havia de mais precioso na criação que é o sangue, isto é, a vida (Gn 9:4), para salvar o homem da condenação da morte. Mas o sangue que de fato salvaria o homem da morte seria o sangue do descendente da mulher que derrotaria a serpente. Isso porque a condenação da morte só poderia ser anulada se um humano sem pecado fosse capaz de morrer para cobrir os pecados de toda a humanidade. 

Tal sacrifício só poderia verdadeiramente vir de um grande Amor, que só Deus pode ter, pois só Ele dá a vida para salvar o homem, conforme a mensagem embutida na morte dos animais no Éden. Por isso, Deus fez-se homem, na pessoa de seu próprio filho, para morrer em favor de todos. Como nele não se achou pecado, a morte não teria poder sobre Ele, por isso, ressuscitou dentre os mortos consolidando a salvação de toda a humanidade.

Questões
1. O pecado entrou no mundo por decisão do homem ou por influência do Diabo na forma de serpente?

2. Quais os significados dos animais mortos no Éden em relação ao plano de salvação de Deus? Você acha que Adão e Eva entenderam esses significados? Explique suas respostas.

3. O apóstolo Paulo disse que se Jesus não ressuscitou dentre os mortos é vã a nossa fé (I Cor 15:14). Por que se Jesus não ressuscitasse o plano de salvação de Deus não teria valor?

4. O que essa história fala ao seu coração?

sábado, 8 de fevereiro de 2014

De volta ao princípio


Deus amou o mundo...Mas de onde veio o mundo?
Gênesis 1, Hebreus 11:3
Autora: Profa. Dra. Márcia Gonçalves de Oliveira



O maior mistério do mundo é a origem do próprio mundo. Por isso, para sustentar a sua compreensão da origem do mundo, que até hoje sem fé não se explica, o homem desenvolveu muitas teorias para explicar racionalmente na perspectiva limitada do tempo a origem do universo.

As teorias mais conhecidas da origem do mundo são a teoria criacionista e a teoria evolucionista. A teoria criacionista defende que o mundo foi criado sobrenaturalmente por Deus. Já a teoria evolucionista, segundo a teoria de Charles Darwin, defendem que o universo surgiu de uma grande explosão ( o “Big Bang”) e a vida surgiu por processos evolutivos.

O fato é que nenhuma teoria provinda da mente humana jamais explicou a origem do universo. Nem a teoria criacionista e nem a teoria evolucionista podem ser provadas cientificamente. Mas, pela fé, entendemos que os mundos foram criados pela Palavra de Deus, de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente (Hb 11:3). E esse entender não vem de observações, como as fez Darwin, mas sim de verdades escritas na Bíblia que os homens que a escreveram não dispunham de conhecimento para afirmá-las e que só foram descobertas depois que a Bíblia foi escrita. São exemplos dessas verdades: a Terra estar suspensa sobre o nada (Jó 26:7), a Terra ser como um globo (Is 40:22) e a ordem lógica da criação descrita em Gênesis 1. Entendemos, portanto, que a mesma Palavra que criou os mundos foi dada pelo Espírito Santo a homens para escreverem as verdades da criação expostas nas páginas da Bíblia.

No princípio criou Deus os céus e a Terra. A Terra era sem forma e vazia, não havia luz e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gn 1:1-2). E, pela Palavra de Deus “Haja Luz”, houve luz e Deus fez separação entre dia e noite e foi-se o primeiro dia da linha do tempo iniciada por Deus. Depois fez-se o firmamento e a separação das águas que já existiam. Depois veio a vida. Como já existiam luz, água e terra, ordenou Deus que a terra produzisse vegetais. Depois, fez Deus os luminares do dia e da noite como marcadores do tempo para sinalizar dia e noite, estações e anos. Em seguida, Deus fez as águas produzirem animais marinhos. Depois criou os répteis que povoavam as águas (que poderiam ser anfíbios e répteis), as aves e os animais selváticos e domésticos. Por último, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e também a mulher. Observe que a ordem de criação descrita na Bíblia coincide com a ordem de evolução das espécies. Mas a Bíblia foi escrita primeiro do que a teoria da evolução das espécies.

Jesus existiu desde o princípio. No princípio ele estava com Deus e ele era Deus (João 1:1). Mas ele ainda estava na dimensão da eternidade, como o Pai e o Espírito Santo. E os três eram um só, já que Jesus e o Espírito Santo eram o próprio Deus. Os três em um fizeram o homem a imagem e semelhança do próprio UM. Por isso, Deus disse “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança...” (Gn 1:26).

Questões

1 - Explique segundo a dimensão da eternidade e do tempo a origem de Deus e do homem?

2 – Quando Jesus esteve na dimensão eterna e na dimensão do tempo?

Introdução

Quem é Jesus? De onde veio? Para onde foi? Por que veio?

Texto Bíblico: João 3:1-21
Autora: Profa. Dra. Márcia Gonçalves de Oliveira


Um dos diálogos mais intrigantes e inteligentes da Bíblia foi o diálogo entre Nicodemos e Jesus narrado no Capítulo 3 do Evangelho de João. Nesse diálogo, Jesus resume de forma brilhante para Nicodemos o plano de salvação de Deus. Mas Nicodemos, mesmo sendo mestre em Israel, teve dificuldades em compreender as palavras de Jesus que descortinavam mistérios do reino de Deus.

Nicodemos um notável personalidade de Israel porque era mestre e fariseu em Israel. Sendo um mestre, era reconhecido como um profundo conhecedor das leis de Deus. Sendo um fariseu, era um destacado religioso que zelava as leis de Deus e as leis criadas pelos próprios fariseus como ele para ostentação de uma aparência de religiosidade.

No capítulo anterior ao diálogo de Jesus com Nicodemos, João relata que Jesus estava em Jerusalém durante a festa da Páscoa (João 2:23). Na festa, Jesus, chamou à atenção das pessoas pela ousadia e pelos sinais que fazia. Sua ousadia tornou-se mais notória quando ele teve a coragem de desafiar o sistema econômico que funcionava no templo ao derrubar as mesas dos cambistas e de expulsar do templo todos aqueles que faziam da casa de seu Pai um ambiente comercial.

Os sinais que Jesus fez, mais do que torná-lo conhecido, fizeram com que muitas pessoas se aproximassem dele, admirassem-no e até cressem nele. Nicodemos, foi uma das pessoas que testemunharam o ensino e os sinais de Jesus e tentou aproximar-se dele vindo a encontrar-lhe em uma certa noite.

Nicodemos reconheceu Jesus como um mestre vindo da parte de Deus e disse que ninguém poderia fazer o que Jesus fazia sem estar com Deus. Mas logo Jesus surpreendeu-o com a enigmática afirmação de que se alguém não nascesse de novo jamais poderia ver o Reino de Deus.

De fato o reino de Deus permanece oculto para aqueles que não o vêem com olhos espirituais. Prova disso é que Jesus falava por parábolas às multidões que o seguiam para que vendo, não enxergassem, e ouvindo, não compreendessem. Aos seguidores de Cristo, no entanto, foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus (Mt 13:11-13).

A pergunta de Nicodemos “Como pode alguém nascer de novo sendo velho?” evidenciou a falta de discernimento do Reino de Deus daqueles que não conheciam Jesus, como o caminho, a verdade e a própria vida (João 14:6) do Reino de Deus.

Mas Jesus não negou o conhecimento do reino a Nicodemos, uma vez que aquele homem, considerado principal entre os judeus, veio a ele buscar esse conhecimento. Nicodemos, porém, só poderia entendê-lo se nascesse de novo, isto é, se nascesse da água e do espírito, como disse Jesus. Esse novo nascimento significa nascer espiritualmente mediante a ação do Espírito Santo que purifica e renova o espírito do homem quando este decide morrer para o mundo e fazer de si morada do Espírito de Deus.
Como o vento, que não se sabe de onde vem e para onde vai, assim é aquele que nasce do Espírito. Nicodemos perguntou como poderia ser isso? Jesus questionou-lhe como era possível sendo ele um mestre em Israel não ser capaz de entender o novo nascimento. Nicodemos conhecia toda a lei e a história do plano de salvação de Deus, mas não compreendeu como se dava a salvação de Deus pelo novo nascimento. E se permanecesse apenas nascido da carne e não do espírito, tamanha verdade continuaria oculta para Nicodemos.

O nascer de novo, isto é, o nascer do espírito, significava vir do eterno e voltar para o eterno, que não se sabe onde começa e onde termina porque simplesmente é eterno. Assim é o vento, como disse Jesus, não se sabe de onde ele vem e nem para onde vai, mas a sua existência e seus efeitos são percebidos.

Mas para nascer do eterno e voltar para o eterno, é necessário um caminho entre o terreno e o eterno, pois como bem disse Jesus a Nicodemos, como compreender as coisas celestiais sem entender nem as terrenas. Como Jesus se fez carne e foi o único a descer do céu e a ele subir, só ele poderia ser o caminho para a eternidade. Por isso, ninguém chega a Deus senão por ele (João 14:6). Jesus é, portanto, o ponto de partida, o novo nascimento. Crer que ele é o filho de Deus e o caminho para a vida eterna, é nascer de novo do espírito para também, em Jesus, tornar-se eterno.

A missão de Jesus foi ser o caminho de volta para Deus. O pecado afastou o homem de Deus e a morte, que é o resultado do pecado, cancelou a capacidade do homem de ser eterno. Mas, ressuscitando dos mortos, Jesus venceu a morte e, por conseguinte o pecado. Logo, estando em Jesus, o homem recebe de volta a condição de ser eterno, pois só em Jesus, a condenação à morte pelo pecado é anulada, pois só Jesus venceu a morte.

Jesus termina o seu diálogo com Nicodemos explicando que a salvação de Deus que devolve ao homem a vida eterna veio de um sentimento de Amor maior, que vem do Pai. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que Deus seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). Certo é que nenhuma condenação há para quem está em Cristo Jesus (Rm 8:1), mas só pode estar nele e ser livre da condenação da morte aquele que nele crer e nele nascer de novo para um nova e eterna vida.


Questões

1 – Por que Jesus teve que morrer para que você nascesse de novo?
2 – Onde começou e onde terminou a condenação da morte pelo pecado?
3 – Porque nascendo do espírito você não sabe de onde veio e para onde vai?
4 – Baseado em João 3:16, quais as palavras-chave que explicam o plano de salvação de Deus?