sábado, 15 de novembro de 2014

Judá e José:Uma história de reconciliação

Judá e José: uma história de reconciliação
...Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo

Leitura Bíblica: Gênesis  44:1-33


A família de Jacó formou a grande nação prometida por Deus a Abraão da qual viria o Messias e a salvação que abençoaria todas as famílias da terra. A família de Jacó, no entanto, era uma família problemática e dividida desde a sua formação quando suas mulheres, as irmãs Léia e Raquel, disputavam o seu amor. De suas duas esposas e das servas delas Jacó gerou doze filhos que herdaram o sentimento de rivalidade de Léia e Raquel. Desse sentimento, nasceram mais dois problemas para a casa de Jacó: a preferência do pai pelos filhos de sua esposa mais amada e a desunião entre irmãos.

Uma vez que Jacó amava mais a Raquel do que Léia, ele amava mais os filhos que ele teve com Raquel: José e Benjamim. José, que significa “O Senhor  acrescenta”,  foi o primeiro filho de Raquel. O Senhor ouviu a oração de Raquel de acrescentar outro filho à sua prole, conforme o significado do nome de José. Porém, ela morreu logo após dar à luz Benjamim. Tendo perdido a sua amada segunda esposa, Jacó devotou grande amor a Benjamim, que foi assim chamado por seu pai por considerá-lo “filho da sua direita” em vez de ”filho da dor”, como Raquel o chamou antes de morrer.

José era o filho preferido e isso ficou evidente quando Jacó o presenteou com uma túnica colorida, o que despertou a inveja de seus irmãos.

Além de ser considerado um dedo-duro por seus irmãos por trazer má fama deles para seu pai, José parecia ser esnobe. Certa vez ele contou aos seus irmãos os sonhos que teve que indicavam que seu pai, seus irmãos e as mulheres de seu pai se inclinavam diante dele. Jacó o repreendeu dizendo: porventura eu, tua mãe e teus irmãos nos curvaremos diante de você?!  Por isso, os irmãos de José o suportavam cada vez menos e intentaram matá-lo.


Certa vez, quando José foi ao campo vigiar seus irmãos, eles o  pegaram para matá-lo, mas Rúben, o irmão mais velho, disse-lhes para não tirarem a vida dele, mas sim o jogassem em uma cova e depois o levassem de volta para o pai. Estando Rúben ausente, Judá teve a ideia de vender José como escravo para  uns mercadores  que viajavam para o Egito e seus irmãos  o apoiaram. 

A vingança dos irmãos de José de vendê-lo não trouxe nenhum bem para eles, mas sim amargura e mágoa para a família. Jacó chorou por muitos dias a morte de José e disse que viveria em luto por ele até descer à sepultura. Mas,mesmo vendo o pai morrendo aos poucos de tanto desgosto, os irmãos de José sustentaram a mentira de que José fora atacado por uma fera. Nesse período de tempo, Judá saiu de casa, teve cinco filhos e dois deles morreram. Da viúva desses dois filhos, Tamar, Judá teve mais dois filhos: Perez e Zerá, que eram gêmeos.

No Egito, dos dezessete aos trinta anos, José viveu como escravo. Penou muito,  mas tudo o ele que fazia prosperava porque Deus era com ele e lhe dotou com dons especiais como o dom da administração. Mas foi  com  o dom de interpretar sonhos que Deus levou José de escravo ao segundo homem mais poderoso do Egito. José alcançou essa posição por ter interpretado os sonhos de Faraó que anunciavam fartura e fome na terra.

Depois de algum tempo, o sonho de Faraó se cumpriu e a fome chegou à terra e onde vivia a família de José. Assim, os irmãos de José foram ao Egito buscar alimento. Lá todos eles se inclinaram, sem saber, diante de José, o governador do Egito. Lembrando-se do antigo sonho, José poderia ter dito a eles: Eu não disse?!  José, porém, não humilhou seus irmãos e nem deles se vingou. Mas, ao ver de volta diante de si aquele passado que ele  tentou esquecer,  chorou abundantemente.

Por um tempo, José não se deu a conhecer aos seus irmãos e, em certa medida, perseguiu-os. Tal perseguição é evidenciada quando ele acusa seus irmãos de serem espiões, prende Simeão para que os outros irmãos tragam a ele Benjamim e arma uma situação de roubo para acusar Benjamim e conseguir uma justificativa (a de fazer escravo o seu irmão) para manter Benjamim junto dele e longe de seus irmãos. 

O que José não sabia era que Benjamim veio com os seus irmãos ao encontro dele no Egito por causa da extrema fome que assolava a terra e porque Judá prometeu a Jacó que se responsabilizaria por Benjamim e disse que seria culpado pelo resto da vida se algum mal acontecesse a Benjamim.

Quando os irmãos de José viram que Benjamim fora acusado de roubo,  que não poderia mais voltar com eles e que o pai deles morreria de tristeza caso Benjamim não retornasse à casa, rasgaram suas vestes em sinal de grande angústia. Judá, certamente, já carregando nas costas a culpa de ter vendido José para o Egito e de causar grande tristeza ao seu pai, ficou sem chão.

Mas Judá e seus irmãos, dessa vez, em vez de abandonarem Benjamim à própria sorte e sem piedade como fizeram com José, voltaram para a casa de José junto com Benjamim para implorar a misericórdia de José pelo roubo que eles acreditaram ter sido cometido por Benjamim.

O servo de José que foi atrás deles atrás do copo que havia sido roubado da casa de José disse-lhes que só o ladrão deveria tornar-se escravo de seu senhor e que eles poderiam ir embora em paz. Mas, em uma nova atitude, todos os irmãos voltaram e se prostraram diante de José pela liberdade de Benjamim para não verem o pai deles morrer de tristeza por perder mais um filho pela mão deles.

José, mesmo vendo ali  seus irmãos rastejando pela vida de Benjamim, disse-lhes que só o ladrão deveria ser punido e tornar-se um escravo dele. Então, humildemente, Judá, tomando a palavra, explicou que não poderia voltar para casa sem o irmão caçula, pois não suportaria a culpa de ver o pai descer à sepultura com tristeza pela perda de mais um filho. Assim, Judá se ofereceu como escravo de José no lugar de seu irmão mais novo e em favor da felicidade que ainda restara a seu pai.

Ao ouvir a humilde súplica de Judá, o coração de José se quebrantou por inteiro e, ele que tentou esquecer o passado e todo o seu sofrimento, não se conteve ao ver aquele irmão que teve a idéia de fazê-lo escravo agora fazer-se um escravo dele para salvar a vida de seu irmão e a felicidade de seu pai. Se Judá foi capaz de tal atitude, por que seria ele, José, incapaz de perdoar todo o mal que seus irmãos lhe causaram mas que Deus transformou em bem?

Em extremo comovido pela mudança de seus irmãos e pelo milagre que Deus fizera para salvar da fome a sua família, José chorou em alta voz e, aos prantos, revelou-se a seus irmãos como José, o irmão que eles venderam como escravo para o Egito. Em seguida, José perguntou-lhes se seu pai ainda estava vivo? Mas, de tão pasmos que estavam, os irmãos de José nada disseram.

José  pediu-lhes que se aproximassem e disse-lhes para que não se sentissem culpados pelo mal que lhe fizeram porque para conservação da vida da família eleita para ser a nação de Israel ele foi levado ao Egito, onde tornou-se o governador e o segundo maior depois de Faraó.

Entendendo a providência de Deus para salvar da fome os descendentes de Abraão, José concluiu que foi Deus e não seus irmãos quem o levou para o Egito. E, se Deus se preocupou em salvar da morte aqueles irmãos tão malvados e quebrantou-lhes o coração com o sofrimento emocional, é porque Ele quis que fossem eles e José um só povo, uma só nação. Por isso, rendido à graça de Deus em favor de sua família, José perdoou seus irmãos, reconciliou-se com eles e sustentou toda a sua família no Egito até o dia da sua morte.

O impiedoso Judá e o convencido José passaram por severos tempos de sofrimento até serem quebrantados e transformados pelo Deus de seus antepassados. Judá sofreu a culpa de ver seu pai definhar de tristeza por causa de sua ideia de dar sumiço à vida de José e sofreu na própria carne a dor de perder dois filhos. Mas redimiu-se quando foi capaz de oferecer-se como escravo pela liberdade de Benjamim e pela felicidade de seu pai.

José, por sua vez, mesmo tendo perdido treze anos da sua liberdade e da sua juventude, por sua fidelidade a Deus, sempre prosperou em tudo o que fez porque o Senhor era com ele.

Na consumação do plano de salvação, Cristo entregou-se para que o mundo, pela graça, alcançasse a libertação do pecado e a salvação da morte. Da linhagem de Judá veio o Messias e pela mão de José essa linhagem foi salva da morte. Judá entregou-se pela liberdade de Benjamim e José salvou da morte os descendentes de Abraão. Assim os dois irmãos, que antes foram inimigos, tornaram-se parte do plano de salvação de Deus e conheceram em suas próprias vidas a essência de liberdade e de salvação do Amor de Deus.

Atividades

  1. Como Judá e José foram quebrantados por Deus?
  2. Como Judá e José vivenciaram a essência do Plano de Salvação?
  3. O que as vidas de Judá e José ensinam em nossos dias?

sábado, 18 de outubro de 2014

Tamar, uma mulher de atitude

Tamar, uma mulher de atitude
...e não compreendes essas coisas?

   Leitura bíblica: Gênesis  38:1-30



No princípio, ainda no Éden, após a queda do homem e da mulher, o Senhor disse à antiga serpente, o diabo, que haveria inimizade entre ela e a mulher e que da mulher viria aquele que  lhe feriria a cabeça. Tal declaração nos leva a compreender por que as mulheres tiveram participação tão fundamental na história do plano de salvação. De Eva (mãe da vida) à Maria (mãe de Jesus),  algumas mulheres da Bíblia tornaram-se mães e guardiãs da promessa de Deus de enviar o descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente e salvaria a humanidade de seus pecados. Tais mulheres, resistindo à oposição ferrenha do diabo, em inimizade contínua com ele, conforme disse Deus no Éden, contribuíram para o plano de salvação gerando os descendentes que formariam a linhagem de Jesus ou salvando-os da morte.

Tamar foi uma das mulheres que, através de Judá, filho de Jacó, gerou descendentes para a linhagem de Jesus. Judá, após ter a ideia de vender o seu irmão José como escravo para o Egito, presenciou tempos de grande tristeza na casa de seu pai, porque este acreditava que seu amado filho José havia morrido. Muito possivelmente por não suportar ver o pai definhando de tristeza por causa de sua perversa ideia de dar sumiço no irmão, Judá saiu de casa e foi morar na casa de Hira, um varão da cidade de Adulão.

Na casa de Hira, Judá conheceu a filha de Sua e teve três filhos: Er, Onã e Selá. Er tornou-se adulto e Judá escolheu Tamar para ser a esposa do seu filho primogênito. Er, porém, era um homem mau aos olhos de Deus, por isso, o Senhor tirou-lhe a vida.


Para que Er não ficasse sem descendentes, Judá disse ao seu segundo filho, Onã, para casar-se com Tamar e dela ter filhos. Onã, porém, sabendo que o primeiro filho dele com Tamar não faria parte de sua descendência, mas sim do irmão falecido, decidiu boicotar o processo de fecundação de Tamar de  forma repulsiva. Dessa forma, Onã, ao manter relações com Tamar, interrompia o ato sexual, derramando o sêmen no chão, impedindo assim que Tamar engravidasse dele.  O ato egoísta de Onã foi abominável aos olhos de Deus. Por isso, o Senhor o matou.

Muito tempo depois, morreu a filha de Sua, a mulher de Judá. Já era a terceira morte na família de Judá. Passando por dias de muito sofrimento pelas perdas em sua família, só restara a Judá  um filho,caçula Selá. Por isso, ele temeu que este também fosse morto tal como Er e Onã.

Constatando Tamar que Selá  já era adulto e ela ainda não lhe fora dada por mulher, conforme prometera o seu sogro, teve a atitude de engravidar e levantar descendentes para a casa de Judá.

Depois que Judá consolou-se da morte de seus filhos e de sua mulher, foi para Timna com Hira tosquiar ovelhas. Tamar, ao saber disso, despiu-se dos trajes de viúva e cobriu-se com um véu. Disfarçada, ela sentou-se à entrada das duas fontes que estavam no caminho de Timna.

Ao ver uma mulher coberta com véu e sozinha, Judá entendeu que ela era uma prostituta. Ele então a chamou para deitar-se com ele, não sabendo ele que falava com a sua nora. Ela perguntou-lhe o que ganharia em troca. Ele ofereceu um cabrito do seu rebanho. Como penhor, Tamar pediu o selo, o cordão e o cajado que ele segurava. Fechado o acordo de prostituição, Judá deitou-se com Tamar e ela engravidou.

Depois de quase três meses, chegou aos ouvidos de Judá a notícia de que Tamar havia adulterado e estava grávida. Indignado, Judá mandou que arrastassem Tamar para fora e a queimassem viva. Tamar, porém, ao ser tirada para fora, mandou o selo, o cordão e o cajado para Judá com o seguinte recado: do varão de quem são essas coisas eu engravidei. E perguntou se Judá reconhecia aqueles objetos.

Surpreso e muito envergonhado,  Judá reconheceu que Tamar era mais justa do que ele, porque ele não cumprira a promessa de casá-la com Selá. Depois disso, Judá absolveu Tamar, mas nunca mais deitou-se com ela.

Judá perdeu dois filhos, mas Tamar deu-lhe  filhos gêmeos que se chamaram Perez e Zerá. Da descendência de Perez, nasceu o rei Davi, de cuja linhagem real veio Jesus, o filho de Deus e salvador do mundo.  Assim Tamar, que seria uma viúva negra,  por sua atitude, obteve reconhecimento em Israel e reconhecimento na linhagem do messias (Rt 4:12, Mt 1:3). 



Atividades

1.    Por quais sofrimentos Judá passou depois que ele vendeu seu irmão para o Egito? 

2.    Qual é a contribuição de Tamar para o Plano de Salvação?

3.    Por quais constrangimentos sexuais Tamar passou antes de tornar-se uma mulher honrada em Israel? 

4. Tamar fez-se como prostituta uma vez para salvar a descendência de seu sogro.  Nos dias de hoje, em que casos uma mulher não poderia ser julgada por praticar prostituição? 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Quatro mães e um só povo

Quatro mães e um só povo

...para que se veja claramente que as suas obras são realizadas por intermédio de Deus

Leitura Bíblica: Gênesis  29-30



A Bíblia conta a história de duas irmãs, Léia e Raquel. Elas se casaram com Jacó e disputaram o amor dele. Léia, embora pouco atraente por causa de uma deficiência nos olhos, temia ao Senhor. Raquel, porém, mesmo sendo formosa à vista, era estéril e tinha inveja de sua irmã.

Jacó apaixonou-se por Raquel à primeira vista. Amou-a tanto que ofereceu sete anos de trabalho a Labão, o pai de Raquel, para tê-la como sua esposa. Depois que Jacó concluiu os sete anos de serviço prometidos a Labão, chegou-se o tempo de Raquel ser-lhe dada em casamento. Labão, porém, enganou Jacó e, na noite de núpcias, em vez de trazer Raquel, trouxe Léia, a sua filha mais velha, para deitar-se com Jacó e tornar-se sua primeira mulher.

Depois de passar a semana de lua-de-mel com Léia, Jacó casou-se com Raquel e, por ela, trabalhou mais sete anos para Labão. Jacó amou Raquel mais do que a Léia. Por isso, começaram as desavenças na família de Jacó.

Vendo o Senhor Deus que Léia era desprezada por Jacó, abriu-lhe a madre e deu-lhe filhos. Por isso, por cada filho nascido, ela louvava o Senhor dando à criança um nome com significado de exaltação a Deus. Os primeiros filhos de Léia chamaram-se Rúben, Simeão, Levi e Judá, que significam, respectivamente, “Eis um filho”, “Deus ouviu”, “Uniu” e “Louvor”.

Raquel, sendo estéril, ardeu-se de inveja de sua irmã, que já dera quatro filhos homens a Jacó. Então Raquel despejou toda a sua raiva em Jacó, dizendo-lhe: Dá-me filhos, senão morro!! Jacó, enfurecido, revidou: estou eu no lugar de Deus que te impediu de engravidar? Vendo-se em desvantagem em relação a sua irmã, Raquel teve a ideia da barriga de aluguel, como no passado fizera Sara, mulher de Abraão. Para isso, deu sua serva Bila a Jacó para que ela tivesse filhos dele. 

Os filhos que Bila deu a Jacó chamaram-se Dã, que significa “Fazer justiça”, e Naftali, que significa “Minha luta”. Em vez de louvor a Deus, os nomes desses dois filhos evidenciaram que Raquel competia com a sua irmã.


Léia, cessando a sua capacidade de gerar filhos, copiou a ideia de sua irmã e deu sua serva Zilpa para ter filhos com Jacó.

Os filhos que Zilpa deu a Jacó no lugar de Léia chamaram-se Gade e Aser que significam, respectivamente, “Sorte” e “Feliz”.

O tempo passou, mas Deus ainda não havia encerrado o tempo fértil de Léia. Por isso ela  conseguiu de seu próprio ventre gerar mais dois filhos e uma filha para Jacó: Issacar, Zebulom e Diná que significam, respectivamente, “salário”, “morada” e “julgada”.

Deus  também se lembrou de Raquel e de seu sofrimento por ser uma mulher estéril. Ele a ouviu abrindo seu ventre para trazer à luz filho mais amado de Jacó. Mas Raquel, em vez de louvar a Deus pela bênção,  vibrando porque sua vergonha fora tirada,  pediu que Deus lhe acrescentasse outro filho.  Por isso ela deu o nome de seu filho José, que significa “Ele acrescenta”. Deus acrescentou mais um  filho a Raquel, mas ela morreu no parto chamando a criança nascida de Benoni (“Filho da minha dor”), mas Jacó o chamou de Benjamim (“filho da minha direita”).

Léia e Raquel foram abençoadas com a graça de serem mães em condições desfavoráveis: Léia não era amada e Raquel era estéril. Do ventre de Léia, a partir de seu filho Judá, veio a linhagem de Davi que gerou Jesus. Do ventre de Raquel, veio José, que, tornando-se pela mão de Deus governador de todo o Egito, salvou todos os descendentes de Jacó da morte por causa de uma fome que assolou a terra em seu tempo. Já as servas Zilpa e Bilha, ao contrário de Agar que se exaltou e foi expulsa por Sara da casa de Abraão, fizeram parte da família de Jacó e formaram junto com suas senhoras Léia e Raquel um só povo, a grande nação de Israel.

Sara, Rebeca, Léia, Raquel, Zilpa e Bilha foram as mães da promessa de Deus a Abraão de formar a partir dele uma grande nação tão numerosa como as estrelas do céu. Do ventre estéril de Sara deu-se origem à grande nação. Do ventre também estéril de Rebeca, saíram duas nações divididas e, dos ventres de Léia, Raquel, Zilpa e Bilha formou-se um só povo, uma só nação, a grande nação de Israel. E dessa grande nação, eleita para abençoar todas as famílias da terra, veio o messias, que é cristo,para salvar toda a humanidade de seus pecados.

Atividades

1.       Quais as contribuições de Léia e Raquel para o plano de redenção da humanidade?


2.       Escreva uma defesa e uma acusação para Léia e Raquel.


 3.    Que aplicação para os dias a história de Léiae Raquel traz?

domingo, 13 de julho de 2014

Os Bebês de Rebeca


Os Bebês de Rebeca
...Como pode ser isso?
Gênesis  25:19-34



Abraão, sabendo que por meio de Isaque Deus daria continuidade à  promessa de multiplicar a sua descendência e dela formar uma grande nação, após a morte de Sara, cuidou em providenciar uma esposa para Isaque. Para isso, sob juramento, o mordomo de Abraão foi enviado à parentela de seu senhor para trazer uma mulher para ser a esposa de Isaque.
O mordomo de Abraão, convencido de que procedera do Senhor, em resposta à sua oração, a escolha de Rebeca para ser mulher Isaque, trouxe-a para  a casa de seu senhor. Conhecendo-a Isaque, amou-a e fez dela sua mulher.
Deus abençoou o casamento de Isaque e Rebeca, mas os filhos do casal não chegavam porque Rebeca, assim como a mãe de Isaque, era estéril. Mas, Isaque sabendo que ele mesmo nascera de um ventre estéril pela intervenção de Deus, não repetiu o erro de seus pais buscando uma opção de gerar descendentes fora do casamento. Assim Isaque orou insistentemente ao Senhor até que Rebeca, como Sara, milagrosamente  engravidou.
Durante a gravidez, Rebeca sentia grande agitação em seu ventre e, sem saber por que isso lhe acontecia, consultou ao Senhor. O Senhor disse-lhe que do ventre dela sairiam duas nações já divididas antes de nascerem, que um povo seria mais forte do que o outro  e que o mais velho serviria ao mais novo.
Confirmou-se a palavra do Senhor e os bebês nasceram gêmeos. Esaú nasceu primeiro e, agarrado ao seu calcanhar, nasceu Jacó. Os bebês cresceram, mas eram incompatíveis entre si. Além disso, eram separados pela preferência de seus pais por cada um deles: Isaque amava mais a Esaú e Rebeca, a Jacó.
Jacó era tal qual o seu nome (“suplantador”). Seu desejo era conseguir o direito de primogenitura do seu irmão. Como não o conseguiu por nascimento, obteve por trapaça. Esaú, além de ser irresponsável com a própria herança, vendendo-a para Jacó por um prato de lentilhas, casou-se com mulheres hetéias, que foram um grande desgosto para seus pais. Por isso, tentando fazer cumprir as palavras ditas pelo Senhor quando os bebês lutavam em seu ventre, Rebeca, junto com Jacó, enganou Isaque para que este abençoasse Jacó no lugar de Esaú.
Fazendo a coisa certa do jeito errado, Rebeca criou um grande problema para sua família, pois acendeu o ódio de Esaú contra Jacó a ponto de  Esaú planejar  matar seu irmão após a morte de seus pais. Rebeca, temendo pela vida e pelo futuro de Jacó, enviou-o para a casa de seus parentes para que lá Jacó esperasse passar o ódio de Esaú e encontrasse uma esposa que fosse do agrado de seus pais e de Deus.
Na sua jornada de fuga, Jacó tornou-se um novo homem. Conheceu o Deus de seus pais, passou por vários sofrimentos, formou uma grande família e muito prosperou. Aprendeu também o que é ser passado para trás ao ser enganado e explorado por seu sogro Labão. De volta para casa, faltava a Jacó concertar seu passado e reconciliar-se com seu irmão.
Os dois irmãos se reencontraram e se reconciliaram, mas cada um seguiu o seu caminho. Deus os abençoou muito, mas pelas escolhas de ambos, as suas descendências tomaram rumos diferentes. De Esaú, formou-se a nação de Edom e de Jacó, a nação de Israel. Edom tornou-se uma pedra no caminho de Israel e, conforme o Senhor havia dito a Rebeca, Edom e Israel tornaram-se nações inimigas. Edom consolidou-se como uma medíocre e esquecida nação, mas Israel, sendo a nação eleita, tornou-se um país de primeiro mundo em cuja  história  se inseriu o plano de salvação de Deus para abençoar todas as famílias da terra.

Atividades
1.          Abraão e Isaque sabiam que seriam pais de uma grande. Ambos foram casados com mulheres estéreis. Qual foi a decisão de ambos para que a promessa se cumprisse em condições impossíveis?
2.          Qual a relação entre o nascimento dos gêmeos e a história do plano de salvação?
 Rebeca teve uma idéia para impedir que Isaque abençoasse Jacó em lugar de Esaú. Apresente uma defesa e uma acusação para Rebeca.

domingo, 6 de julho de 2014

O Sacrifício

O Sacrifício

...Deu seu filho unigênito

Gênesis 22; Hb 11:17-28


A promessa que Deus fez a Abraão e à Sara de que ambos teriam um filho, mesmo em condições impossíveis já que ambos eram idosos e Sara era estéril, foi cumprida. Dias felizes foram para Abraão e Sara os dias seguintes ao nascimento de Isaque porque Deus havia dado a primeira evidência de que eles seriam pais de uma grande nação. O que parecia impossível, que era Sara engravidar, tornou-se uma milagrosa realidade. Pela tamanha bênção que receberam de Deus, Abraão e Sara expressaram sua alegria através de uma festa celebrando o desmame de  Isaque.

Depois disso, Agar e Ismael, por não fazerem e não demonstrarem querer fazer parte do plano de Deus para a família de Abraão, foram expulsos da casa de Abraão. Deus abençoou a descendência de Ismael, porém, depois de Agar sair da casa de Abraão, Isaque passou a ser considerado pelo próprio Deus o único filho de Abraão e herdeiro da promessa de abençoar todas as famílias da terra. Prova disso é que, quando Deus pôs Abraão à prova pedindo-lhe que oferecesse Isaque em sacrifício, disse a Abraão para sacrificar o seu filho unigênito.

Obedecendo a Deus, Abraão levou seu filho Isaque para ser sacrificado em holocausto. Ao chegar ao monte da terra de Moriá, Abraão começou a preparar o holocausto. Isaque perguntou ao seu pai onde estava o principal do sacrifício que era o cordeiro. Abraão tão-somente respondeu em palavras de fé:  Deus proverá!

No momento em que Abraão estendeu a mão para matar Isaque, Deus o impediu. Certamente Deus se alegrou pela fidelidade de Abraão porque havia alguém no mundo capaz de sacrificar o próprio filho por fidelidade a Deus. Dessa forma, olhar para o gesto de obediência de Abraão é entender o amor de Deus em oferecer seu único filho em sacrifício em favor da salvação da humanidade.

Pela fé, Abraão, quando Deus o pôs à prova, ao decidir oferecer seu filho único a Deus, sabendo que sua descendência seria formada a partir de Isaque, levou em conta que Deus pode ressuscitar dos mortos (Hb 11:17-18). Pelo Amor, quando Deus ofereceu  seu filho unigênito em sacrifício, ele ressuscitou Jesus dentre os mortos para que em seu nome todos fossem salvos. Assim, o plano de Deus de redenção da humanidade é sinalizado no gesto de obediência de Abraão, é consumado no sacrifício de Cristo na cruz e é validado pela ressurreição de Jesus Cristo. 


Para o sacrifício de Abraão, Deus providenciou um carneiro, mas, para o sacrifício de redenção da humanidade, Deus providenciou o cordeiro, o seu filho unigênito, que tira o pecado do mundo e que dá vida eterna a todo aquele que crê.

Atividades

1. Por que Isaque era chamado de filho unigênito de Abraão?
2. Como se relaciona sacrifício de Abraão com o plano de salvação?
3. Como o estudo de hoje se aplica à sua realidade?

sexta-feira, 4 de julho de 2014

O Herdeiro

O Herdeiro

O que nasce da carne é carne...

Gn 15, Gn 16, Gn 18:1-15, Gn 21:1-7 


Abrão já havia se tornado um homem muito próspero e abençoado pelo Senhor. Porém, ele falou para Deus que ainda não tinha filhos e que o seu mordomo, Eliézer, seria o seu único herdeiro. Mas Deus disse-lhe que Eliézer não seria o seu herdeiro. O Senhor então reforçou sua promessa fazendo Abrão olhar para o céu e ver nas incontáveis estrelas como seriam numerosos os seus descendentes. Abrão creu e isto lhe foi imputado como justiça.

O plano de Deus era que Sarai fosse a mãe da numerosa descendência de Abrão, mas isso ainda não havia sido dito por Deus e nem Abrão havia perguntado ao Senhor sobre isso. Assim, Agar,a partir de um plano de Sarai, engravidou de Abrão e, acreditando que carregava em seu ventre o herdeiro de Abrão, desprezou a sua Senhora. Por isso, o que Abrão e Sara fizeram para dar certo, mas que não era certo, não deu certo. 

Deus, porém, segundo o texto bíblico, não reprovou Abrão, Sarai e Hagar. Para corrigir o erro dos três, ele orientou Agar a voltar para casa e ser sujeita à sua senhora, reforçou a sua promessa a Abrão e nela incluiu Sarai como aquela de cujo ventre, mesmo sendo estéril, sairiam nações e reis, todos descendentes de Abrão. A partir disso, Abrão passou a se chamar Abraão (Pai de Grande Multidão) e Sarai passou a se chamar Sara (Princesa).

Quando Deus disse a Abraão que através de Sara viria os descendentes da promessa, Abrão riu-se porque ele já era um homem velho e Sara, além de idosa, era uma mulher estéril.

Abraão então pediu para que Ismael, o filho de Agar, fosse o herdeiro. Mas Deus disse que a aliança eterna seria estabelecida com Isaque, o filho que nasceria do ventre de Sara.

Após longa espera, nasceu Isaque, o herdeiro de Abraão, Sara e Deus. Quando Isaque foi desmamado, Abraão e Sara deram uma grande festa, mas Agar e Ismael não conseguiram partilhar dessa alegria porque Ismael começou a rir de Isaque. Sara então mandou Abraão expulsar Agar e seu filho de sua casa porque Ismael jamais seria herdeiro junto com Isaque. 

O Senhor deu razão à Sara pois com ela, Abraão e Isaque Ele estabeleceu uma aliança eterna. Porém, Deus amparou Agar e seu filho não os deixando morrer no deserto. Com Isaque Deus estabeleceu a sua aliança, mas também formou, a partir de Ismael, uma outra grande descendência para Abraão.

Pela fidelidade de Deus à sua promessa, de Abraão vieram duas grandes nações. Mas pelo erro de Sara, Abraão e Agar essas duas nações lutam até hoje pela herança terrena de Abraão, quando todas as famílias da terra podem, por graça, receber a herança eterna de Abraão: a terra celestial.

Atividades

1. Por que Abraão, Sara e Agar não poderiam ser acusados de terem forçado o cumprimento da promessa de Deus? Qual foi de fato o erro de cada um deles?

2. Que ensinamento prático a lição traz para sua realidade?

O Caminho para a Promessa

O Caminho para a Promessa

Gênesis 11:26-32; Gn 12-15

...Como crereis, se vos falar das celestiais? 


Dos descendentes de Sem foi gerado um homem chamado Tera que, após viver setenta anos, gerou três filhos: Abrão, Naor e Harã. Abrão casou-se com Sarai, sua meia-irmã, filha de seu pai, mas não de sua mãe (Gn 20:12). Naor, casou-se com Milca. Harã gerou a Ló, mas morreu em Ur dos caldeus, terra onde nasceu e viveu com a sua família.

Certo dia, depois que seu filho Harã morreu, Tera foi embora de Ur levando consigo seu filho Abrão, sua nora Sarai e seu neto Ló. Seguindo um longo caminho, Tera partiu rumo à terra de Canaã. Porém, ao chegar a Harã, Terá desistiu de continuar a sua viagem. Em Harã, ele viveu com sua família e morreu aos duzentos e cinco anos de idade. 

Embora a família de Tera tivesse se estabelecido em Harã, Deus resolveu dar continuidade à jornada de Terá rumo à terra de Canaã. A posição de Canaã era estratégica para que o plano de salvação alcançasse o mundo, já que a região próxima do Mar Mediterrâneo unia a África, a Ásia e a Europa, sendo, por isso, uma região altamente disputada pelos grandes impérios da antiguidade.

Para formar em Canaã um grande nação que abençoaria todas as famílias da terra, Deus chamou Abrão, filho de Tera. Abraão então, com Sarai sua esposa e com Ló, seu sobrinho, partem de Harã rumo à terra prometida para ser a nação abençoadora do mundo, mas com um sonho maior de alcançar a pátria celestial (Hb 11:10).  Pela fé, Abrão, sem saber para onde ia, mas sabendo onde iria chegar, abraçou a promessa de Deus. E crendo em Deus, Abrão tornou-se um homem muito próspero, herdou um boa terra, foi homem de influência, profeta e  pai de uma grande nação, que é hoje um país de primeiro mundo.

domingo, 29 de junho de 2014

A linhagem de Noé e a dispersão dos povos

A Linhagem de Noé e a 
Dispersão dos Povos

...Para que o mundo fosse salvo por Ele
Gênesis 10, 11







Depois do dilúvio, a família de Noé começou a repovoação do mundo e dos três filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé, vieram as nações que seriam alcançadas pelo plano de salvação de Deus. Os descendentes de Sem representaram os semitas, isto é, o povo eleito por Deus para abençoar todas as famílias de terra, conforme foi anunciado na bênção de Noé (Gn 9:26) e na promessa a Abraão (Gn 12:3).

Os descendentes de Cam representaram os povos que ocuparam a terra de Canaã e que optaram viver longe da influência de Deus, escolhendo permanecer debaixo da maldição de Noé lançada a Cam quando este o viu nu (Gn 9:25).

Os descendentes de Jafé, sendo povos marítimos, ampliaram seus territórios e, futuramente, compartilhariam a bênção da salvação herdada pelos descendentes de Sem, conforme a bênção de Noé (Gn 9:27).

O plano de salvação de Deus alcançaria, portanto, os israelitas (descendentes de Sem) e depois os gentios (descendentes de Jafé). Os filhos de Cam, não pela maldição de Noé, mas pela opção de permanecerem rebeldes contra o Senhor, não quiseram compromisso com Deus. Longe de Deus, povoaram a terra de Canaã. Mas por sua rebeldia, idolatria e prostituição, os descendentes de Cam foram expulsos de Canaã pela nação descendente de Sem e eleita do Senhor.

A partir dos filhos de Noé, as nações se dispersaram pelo mundo e falavam todas a mesma língua. E partindo os homens do oriente, fixaram-se na planície de Sinear. Lá, eles colocaram em seus corações edificar um torre que tocasse o céu com os objetivos de tornarem-se famosos e de não serem espalhados sobre a face da terra.

Quando o Senhor viu a torre que os homens edificavam, entendeu que a vaidade entrara de novo no coração dos homens a ponto de quererem tocar o céu, isto é, chegarem até Deus para demonstrar poderio. Como o povo era um só, falava a mesma língua e já tinham essas ideias, concluiu Deus que tão-logo se levantariam contra o poder de Deus, pois ninguém poderia impedir-lhes de fazer o que intentassem. Para que não se formasse um reino unificado fora do domínio de Deus, o Senhor confundiu as línguas e, como os povos não mais se entendiam, sem comunicação, não conseguiram avançar nas obras da torre. Por isso, chamou-se o nome daquele lugar Babel, que significa confusão. A construção da Torre de Babel cessou e os povos foram espalhados sobre a terra.

Nos tempos da construção da Torre de Babel, Ninrode, descendente de Cam era o poderoso da terra e Babel foi o princípio do seu império junto com outras cidades de Sinear. Depois ele expandiu o seu império para a Assíria (Gn 10:8-11). Ninrode tinha o caráter altivo e já tinha a índole rebelde da linhagem de Cam, por isso, acredita-se que ele tenha sido o mentor da construção da Torre de Babel. A intenção por trás da construção era, dessa forma, estabelecer um domínio unificado sobre a terra e em oposição a Deus. Isso pode ser confirmado pelo fato de que Babel foi o começo da futura Babilônia que, de acordo com os textos bíblicos e a história, foi um império poderoso no mundo que levou o povo de Deus ao cativeiro e destruiu Jerusalém, cidade-símbolo da reino de Deus aqui na terra.


A Torre de Babel foi, portanto, uma ameaça perigosa ao plano de salvação de Deus porque se ela fosse concluída, formar-se-ia um império unificado na terra submisso a Ninrode e não a Deus. Dessa forma, como Cam, as nações submissas se rebelariam contra Deus e perderiam a bênção de serem salvas, segundo o plano de salvação de Deus. Para não anular sua promessa, Deus confundiu as línguas e espalhou as nações para que, um dia, só em Cristo, elas voltassem a ser uma e dele recebessem a salvação eterna, que é a bênção de Deus prometida a todas os povos que nele cressem.


Qual foi o problema da torre de Babel?




Com os homens sendo um só, eles podem fazer o que quiserem e nada lhes será impedido, segundo Deus disse. Por que? Por que essa unidade seria útil também para a igreja?

sábado, 21 de junho de 2014

O Dilúvio e o Quase-fim-do-mundo


O Dilúvio e o Quase-fim-do-mundo
Não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele...
Gênesis 6-9



A partir de Adão, o pecado foi se multiplicando na terra e contaminando cada vez mais a raça humana, de sorte que esta inclinou-se para o mal e todo o desígnio do seu coração passou a ser continuamente mau. Vendo Deus que a sua criação estava corrompida pela propagação caótica do pecado no coração dos homens, arrependeu-se Deus de haver criado o homem.

Uma vez que o pecado já havia se tornado parte da natureza humana, não seria possível destrui-lo sem também destruir o homem e todo o mundo, uma vez que o mundo inteiro jaz no maligno (I Jo 5:19). O coração de Deus pesou sobremaneira quando Ele se arrependeu de ter criado o homem e considerou extinguir a vida na face da terra. Não era, dessa maneira, a intenção de Deus condenar o mundo, já que o amava de tal maneira (Jo 3:16), mas sim eliminar o pecado que fazia os homens destruirem-se a si mesmos, uns aos outros e a própria terra, que geme em dores de parto sob os efeitos do pecado (Rm 8:22-23).

No entanto, em um mundo que jaz no maligno, houve um homem que fez a diferença, alcançou graça diante de Deus e salvou a humanidade de ser para sempre extinta da terra. Esse homem chamava-se Noé, homem justo, respeitado entre os seus contemporâneos e que andava com Deus. 

Destruiria Deus a vida na face da terra sabendo que havia no mundo um homem como Noé? Deus não desistiu de destruir o pecado, mas decidiu salvar Noé e sua família, já que os demais homens, contaminados pelo pecado, não se importaram em ser salvos. Noé, porém, sendo divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça, que é segundo a fé (Hb 11:7). Mas, os homens não deram ouvidos à pregação da justiça de Noé e muito menos se arrependeram dos seus pecados, pois nos dias anteriores ao dilúvio, viviam comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos (Mt 24.37-39 ).

Após construída a arca, entraram nela Noé, sua mulher, seus três filhos, as suas noras e casais de diferentes espécies de animais. Era Noé da idade de seiscentos anos, quando as águas do dilúvio inundaram a terra.

O dilúvio caiu sobre a terra por cerca de 150 dias e até que as águas minguassem, demorou-se um ano e dez dias para Noé e sua família saírem da arca. Assim, tudo que havia no seco e fora da arca expirou. Mas Deus, por meio de Noé, de sua família e dos animais que entraram na arca, deu continuidade à vida e à promessa do Éden, de que do descendente da mulher viria aquele que esmagaria a serpente e salvaria a humanidade de seus pecados. E os filhos de Noé representaram os povos que seriam os beneficiados do plano de salvação, isto é, os judeus e gentios, e os que dele seriam excluídos por negarem-se a viver debaixo do temor de Deus.

Tão nova, tão limpa e tão enxuta encontrava-se a terra após ser castigada pelas águas do dilúvio. A terra estava pronta para receber de volta a vida, embora jamais voltasse ao estado inicial da criação, uma vez que o pecado não foi embora com as águas do dilúvio e voltaria junto com o homem tão-logo este pisasse na terra e a repovoasse.

Depois que Noé, a sua família e as espécies de animais salvas saíram da arca, a terra foi devolvida ao domínio do homem. Como no princípio da criação do mundo, Deus abençoou a vida e repetiu a ordem inicial a todos os seres viventes: povoai a terra, sede fecundos e multiplicai-vos. Porém, o relacionamento entre os seres vivos pós-dilúvio já não seria tão harmônico, pois pavor e medo viriam sobre os animais da terra e das águas, pois eles agora poderiam servir de alimentos assim como os vegetais. Assim, começou a luta pela sobrevivência e o predomínio das espécies mais fortes, sendo o homem aquele que recebeu de Deus o poder de dominar sobre todas as espécies.

Deus permitiu que o homem se alimentasse da carne animal, porém, ordenou-lhe que não comesse a carne com seu sangue, uma vez que o sangue representava a vida e a vida pertencia a Deus. Da mesma forma, Deus proibiu que o homem derramasse o sangue de outro homem, pois o homem representava a imagem e semelhança de Deus. Derramar sangue humano na terra seria, portanto, uma agressão à imagem de Deus. Por isso, todo sangue humano derramado seria requerido por Deus da mão do homem, como foi requerido de Caim, quando assassinou seu irmão.

Antes e depois do dilúvio, porém, não havia lei. Por isso, Deus estabelecia ordens que não deveriam jamais ser violadas. As regras de não matar e não comer sangue, por exemplo, são regras que permaneceram antes e depois da lei do Velho Testamento e se permaneceram mesmo depois do Novo Testamento.

Para restaurar o seu relacionamento com a humanidade, Deus também fez alianças com o homem. Depois do dilúvio, Deus estabeleceu uma aliança perpétua e unilateral, isto é, incondicional, com Noé e todos os seres viventes. Deus prometeu a Noé e a todo ser vivente que não haveria mais dilúvio sobre a terra e pôs como marca perpétua dessa aliança o arco-íris. Deus disse que sempre que chovesse sobre a terra e aparecesse o arco-íris entre as nuvens Ele se lembraria de sua aliança de não mais destruir a vida na terra com as águas do dilúvio. E até hoje, o sinal da aliança de Deus com a humanidade surge entre as nuvens após as chuvas para lembrar o homem da fidelidade de Deus a sua aliança.

De volta à terra, Noé e sua família dão continuidade à vida humana. Eles povoaram a terra e se multiplicaram. Na luta pela sobrevivência, eles também trabalhavam. Noé, sendo lavrador da terra, plantou uma vinha. O pecado então voltou a dar os sinais de que ainda fazia parte da natureza humana. Feliz de ter cultivado uma vinha, Noé embriagou-se com o vinho que produziu e perdeu o controle de si expondo-se à vergonha perante a sua família. Bêbado, Noé, despiu-se e deixou exposta a sua nudez diante dos seus filhos.

Antes do pecado entrar no mundo, a nudez era natural. Mas, após a queda do homem, esta foi coberta pelo próprio homem e depois por Deus, quando matou os primeiros animais para cobrir o que os olhos humanos tornaram pecado. Dessa forma, despir-se da forma como Noé fez, tomado pelo vinho, trazia o significado de descobrir o que Deus havia coberto. Sendo assim, descobriu-se de novo o pecado e, junto com a vida, ele foi se multiplicando de novo na terra a partir do coração do homem.

O filho mais novo de Noé, chamado Cão, ao ver a nudez de seu pai, em vez de cobri-la, chamou os outros irmãos para verem Noé nu. Mas, por temor a Deus, os dois outros filhos de Noé, Sem e Jafé, vieram até seu pai, mas, sem olhar para a nudez dele, cobriram-na.

Passado o efeito da embriaguez, Noé, tomando consciência do vexame que passou e sabendo que seu filho mais novo Cão o viu nu, amaldiçoou a descendência de seu filho condenando-a a ser servo dos servos de seus irmãos. Em seguida, Noé, abençoou os seus outros dois filhos, Sem e Jafé, com as seguintes palavras: "Bendito seja o Deus de Sem...Engradeça Deus a Jafé e habite ele nas tendas de Sem e Canaã lhe seja servo" (Gn 9:26-27).

Curiosamente, de Sem, descenderam os semitas que deram origem a Abraão, que foi pai da grande nação escolhida de Deus, os israelitas. Já as bênçãos de Jafé, representando os gentios (ou não judeus), viriam de Sem, de cuja linhagem veio o povo de Deus, o “Deus de Sem”, como disse Noé.

Já a linhagem de Cão deu origem às nações rebeldes que habitavam a terra prometida e que foram expulsas pelos descendentes de Abraão. Os que sobraram dos descendentes de Cão na terra de Canaã tornaram-se “servo dos servos” dos israelitas, conforme havia dito Noé (Josué 9).

O plano de salvação de Deus, que iniciou no Éden com a promessa de que do descendente da mulher viria aquele que pisaria a cabeça da serpente e redimiria a humanidade, assim como a vida humana e o pecado, teve continuidade após o dilúvio. Deus escolheu a linhagem de Sem para abençoar todas as famílias da terra, pois dela viria Jesus, o messias que redimiria a humanidade. 

As famílias de Jafé receberam a bênção, mas as famílias de Cão optaram em ficar com a maldição e oporem-se a Deus escolhendo para si seus próprios deuses e um destino de destruição, pois foram lançados fora da terra de Canaã, a terra prometida por Deus aos descendentes de Abraão.

Os descendentes de Cão não estavam condenados a serem para sempre amaldiçoados. Eles foram expulsos da terra prometida porque contaminaram a terra e tornaram-se abomináveis diante de Deus por causa da idolatria, da prostituição e da matança de crianças que realizam para oferecer sacrifícios a deuses, que na verdade eram demônios.

Os descendentes de Cão escolheram viver sob a maldição, mas poderiam dela tornarem-se livres caso se arrependessem de seus pecados e se voltassem para Deus. Um exemplo disso, é a prostituta Raabe, que poderia ter morrido junto com todas as pessoas da cidade de Jericó, que ficava em Canaã e foi destruída pelos israelitas sob o comando de Josué. Raabe, porém, escolheu ser salva ao reconhecer que o Senhor era Deus e ao ajudar os homens de Israel que foram espiar a cidade de Jericó antes de destrui-la (Josué 2, 6: 22-25).

Mesmo sendo da terra de Canaã, Raabe não foi condenada a ser “serva dos servos” como Cão, mas teve lugar de honra em Israel, fazendo parte da linhagem real da qual veio o messias que salvaria a humanidade de seus pecados (Mt. 1:5).

Questões

1. Que povos representavam os filhos de Noé no plano de salvação de Deus?

2. Noé amaldiçoou seu filho Cão e essa maldição foi estendida aos seus descendentes. Já os filhos de Sem receberam a bênção de ser a nação escolhida por Deus para ser próspera e para, a partir dela,  serem abençoados os filhos de Jafé, isto é, os gentios. Você acha que a maldição destinada aos descendentes de Cão poderia ser anulada por Deus? Ou seria Deus injusto mantendo-os sob maldição?

3. Dê exemplos de cananeus que não foram vítimas da maldição de Noé ao seu filho Cão mas também foram abençoados a partir dos descendentes de Sem?