Judá e José: uma história de reconciliação
...Ninguém
pode ver o reino de Deus se não nascer de novo
Leitura Bíblica: Gênesis
44:1-33
A família de
Jacó formou a grande nação prometida por Deus a Abraão da qual viria o Messias e
a salvação que abençoaria todas as famílias da terra. A família de Jacó, no
entanto, era uma família problemática e dividida desde a sua formação quando suas
mulheres, as irmãs Léia e Raquel, disputavam o seu amor. De suas duas esposas e
das servas delas Jacó gerou doze filhos que herdaram o sentimento de rivalidade
de Léia e Raquel. Desse sentimento, nasceram mais dois problemas para a casa de
Jacó: a preferência do pai pelos filhos de sua esposa mais amada e a desunião
entre irmãos.
Uma vez que
Jacó amava mais a Raquel do que Léia, ele amava mais os filhos que ele teve com
Raquel: José e Benjamim. José, que significa “O Senhor acrescenta”,
foi o primeiro filho de Raquel. O Senhor ouviu a oração de Raquel de
acrescentar outro filho à sua prole, conforme o significado do nome de José.
Porém, ela morreu logo após dar à luz Benjamim. Tendo perdido a sua amada segunda
esposa, Jacó devotou grande amor a Benjamim, que foi assim chamado por seu pai
por considerá-lo “filho da sua direita” em vez de ”filho da dor”, como Raquel o
chamou antes de morrer.
José era o
filho preferido e isso ficou evidente quando Jacó o presenteou com uma túnica colorida,
o que despertou a inveja de seus irmãos.
Além de ser considerado um dedo-duro por seus irmãos por
trazer má fama deles para seu pai, José parecia ser esnobe. Certa vez ele
contou aos seus irmãos os sonhos que teve que indicavam que seu pai, seus
irmãos e as mulheres de seu pai se inclinavam diante dele. Jacó o repreendeu
dizendo: porventura eu, tua mãe e teus irmãos nos curvaremos diante de
você?! Por isso, os irmãos de José o
suportavam cada vez menos e intentaram matá-lo.
Certa vez, quando José foi ao campo vigiar seus irmãos, eles
o pegaram para matá-lo, mas Rúben, o
irmão mais velho, disse-lhes para não tirarem a vida dele, mas sim o jogassem
em uma cova e depois o levassem de volta para o pai. Estando Rúben ausente,
Judá teve a ideia de vender José como escravo para uns mercadores que viajavam para o Egito e seus irmãos o
apoiaram.
A vingança dos irmãos de José de vendê-lo não trouxe nenhum
bem para eles, mas sim amargura e mágoa para a família. Jacó chorou por muitos
dias a morte de José e disse que viveria em luto por ele até descer à
sepultura. Mas,mesmo vendo o pai morrendo aos poucos de tanto desgosto, os
irmãos de José sustentaram a mentira de que José fora atacado por uma fera. Nesse
período de tempo, Judá saiu de casa, teve cinco filhos e dois deles morreram.
Da viúva desses dois filhos, Tamar, Judá teve mais dois filhos: Perez e Zerá,
que eram gêmeos.
No Egito, dos dezessete aos trinta anos, José viveu como
escravo. Penou muito, mas tudo o ele que
fazia prosperava porque Deus era com ele e lhe dotou com dons especiais como o
dom da administração. Mas foi com o dom de interpretar sonhos que Deus levou
José de escravo ao segundo homem mais poderoso do Egito. José alcançou essa
posição por ter interpretado os sonhos de Faraó que anunciavam fartura e fome
na terra.
Depois de algum tempo, o sonho de Faraó se cumpriu e a fome
chegou à terra e onde vivia a família de José. Assim, os irmãos de José foram
ao Egito buscar alimento. Lá todos eles se inclinaram, sem saber, diante de
José, o governador do Egito. Lembrando-se do antigo sonho, José poderia ter
dito a eles: Eu não disse?! José, porém,
não humilhou seus irmãos e nem deles se vingou. Mas, ao ver de volta diante de
si aquele passado que ele tentou
esquecer, chorou abundantemente.
Por um tempo, José não se deu a conhecer aos seus irmãos e, em
certa medida, perseguiu-os. Tal perseguição é evidenciada quando ele acusa seus
irmãos de serem espiões, prende Simeão para que os outros irmãos tragam a ele
Benjamim e arma uma situação de roubo para acusar Benjamim e conseguir uma
justificativa (a de fazer escravo o seu irmão) para manter Benjamim junto dele
e longe de seus irmãos.
O que José não sabia era que Benjamim veio com os seus irmãos
ao encontro dele no Egito por causa da extrema fome que assolava a terra e
porque Judá prometeu a Jacó que se responsabilizaria por Benjamim e disse que
seria culpado pelo resto da vida se algum mal acontecesse a Benjamim.
Quando os
irmãos de José viram que Benjamim fora acusado de roubo, que não poderia mais voltar com eles e que o
pai deles morreria de tristeza caso Benjamim não retornasse à casa, rasgaram
suas vestes em sinal de grande angústia. Judá, certamente, já carregando nas
costas a culpa de ter vendido José para o Egito e de causar grande tristeza ao
seu pai, ficou sem chão.
Mas Judá e seus
irmãos, dessa vez, em vez de abandonarem Benjamim à própria sorte e sem piedade
como fizeram com José, voltaram para a casa de José junto com Benjamim para
implorar a misericórdia de José pelo roubo que eles acreditaram ter sido
cometido por Benjamim.
O servo de José
que foi atrás deles atrás do copo que havia sido roubado da casa de José disse-lhes
que só o ladrão deveria tornar-se escravo de seu senhor e que eles poderiam ir
embora em paz. Mas, em uma nova atitude, todos os irmãos voltaram e se prostraram
diante de José pela liberdade de Benjamim para não verem o pai deles morrer de
tristeza por perder mais um filho pela mão deles.
José, mesmo
vendo ali seus irmãos rastejando pela
vida de Benjamim, disse-lhes que só o ladrão deveria ser punido e tornar-se um
escravo dele. Então, humildemente, Judá, tomando a palavra, explicou que não
poderia voltar para casa sem o irmão caçula, pois não suportaria a culpa de ver
o pai descer à sepultura com tristeza pela perda de mais um filho. Assim, Judá
se ofereceu como escravo de José no lugar de seu irmão mais novo e em favor da
felicidade que ainda restara a seu pai.
Ao ouvir a
humilde súplica de Judá, o coração de José se quebrantou por inteiro e, ele que
tentou esquecer o passado e todo o seu sofrimento, não se conteve ao ver aquele
irmão que teve a idéia de fazê-lo escravo agora fazer-se um escravo dele para
salvar a vida de seu irmão e a felicidade de seu pai. Se Judá foi capaz de tal
atitude, por que seria ele, José, incapaz de perdoar todo o mal que seus irmãos
lhe causaram mas que Deus transformou em bem?
Em extremo
comovido pela mudança de seus irmãos e pelo milagre que Deus fizera para salvar
da fome a sua família, José chorou em alta voz e, aos prantos, revelou-se a
seus irmãos como José, o irmão que eles venderam como escravo para o Egito. Em
seguida, José perguntou-lhes se seu pai ainda estava vivo? Mas, de tão pasmos
que estavam, os irmãos de José nada disseram.
José pediu-lhes que se aproximassem e disse-lhes
para que não se sentissem culpados pelo mal que lhe fizeram porque para
conservação da vida da família eleita para ser a nação de Israel ele foi levado
ao Egito, onde tornou-se o governador e o segundo maior depois de Faraó.
Entendendo a
providência de Deus para salvar da fome os descendentes de Abraão, José
concluiu que foi Deus e não seus irmãos quem o levou para o Egito. E, se Deus
se preocupou em salvar da morte aqueles irmãos tão malvados e quebrantou-lhes o
coração com o sofrimento emocional, é porque Ele quis que fossem eles e José um
só povo, uma só nação. Por isso, rendido à graça de Deus em favor de sua
família, José perdoou seus irmãos, reconciliou-se com eles e sustentou toda a
sua família no Egito até o dia da sua morte.
O impiedoso
Judá e o convencido José passaram por severos tempos de sofrimento até serem
quebrantados e transformados pelo Deus de seus antepassados. Judá sofreu a
culpa de ver seu pai definhar de tristeza por causa de sua ideia de dar sumiço à
vida de José e sofreu na própria carne a dor de perder dois filhos. Mas
redimiu-se quando foi capaz de oferecer-se como escravo pela liberdade de
Benjamim e pela felicidade de seu pai.
José, por sua
vez, mesmo tendo perdido treze anos da sua liberdade e da sua juventude, por
sua fidelidade a Deus, sempre prosperou em tudo o que fez porque o Senhor era
com ele.
Na
consumação do plano de salvação, Cristo entregou-se para que o mundo, pela
graça, alcançasse a libertação do pecado e a salvação da morte. Da linhagem de
Judá veio o Messias e pela mão de José essa linhagem foi salva da morte. Judá
entregou-se pela liberdade de Benjamim e José salvou da morte os descendentes
de Abraão. Assim os dois irmãos, que antes foram inimigos, tornaram-se parte do
plano de salvação de Deus e conheceram em suas próprias vidas a essência de
liberdade e de salvação do Amor de Deus.
Atividades
- Como Judá e José
foram quebrantados por Deus?
- Como Judá e José vivenciaram a essência do Plano de Salvação?
- O que as vidas de Judá e José ensinam em nossos dias?