O Ritual de Expiação
... Para que todo aquele que
nele crê não pereça
Texto bíblico: Lv.
16:11-22
Em
pecado e destituídos da glória de Deus (Rm 3:23) seria o nosso estado
permanente se não houvesse expiação de pecados. No antigo testamento, simbolicamente, a expiação de pecados era realizada por sacrifícios de animais, pois
sem derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hb 9:22).
Como a morte foi
a consequência do
pecado, só pela morte se faz expiação de pecados. Dessa forma, tanto no antigo quanto no novo testamento, a expiação sempre teve o propósito de salvar o
homem da condição de pecado que o mantém separado do seu Deus.
No antigo
testamento, havia um dia especifico no ano para realizar a expiação dos pecados de todo o povo
de Israel. Nesse dia, era realizado pelo sumo sacerdote um ritual simbolizando
o perdão de Deus para todos os pecados cometidos por todas as pessoas. Esse
ritual foi primeiro realizado pelo sacerdote Aarão e, por último, por Jesus
Cristo, que se fez o sumo sacerdote e o sacrifício da expiação final de todos os pecados.
No dia da
expiação, o sumo sacerdote sacrificava um novilho por seus próprios pecados e
escolhia dois bodes para expiação do pecado do povo. Um bode era para o Senhor
e outro para Azazel (ou bode emissário). O bode para o Senhor era sacrificado
no santo dos santos do tabernáculo pelo sumo sacerdote.
Com a mão sobre
a cabeça do bode para Azazel, o sacerdote fazia confissão de todos os pecados
dos israelitas e enviava o bode emissário para o deserto pelas mãos de uma
pessoa preparada. Levando sobre si todos os pecados, ao chegar ao deserto, o
bode para Azazel era solto.
A
morte do bode para o Senhor trazia o significado de que não há remissão de
pecados sem derramamento de
sangue. Já o bode para Azazel traz o significado principal da remoção dos pecados simbolizando o esquecimento deles por Deus para sempre.
O
bode para Azazel, no entanto, tem sido entendido, segundo muitas interpretações
fora do verdadeiro contexto bíblico, como uma representação da liberdade absoluta, ainda que carregada de tantos pecados e separada de Deus. O bode para
Azazel é, dessa forma, associado ao próprio Lúcifer, que, segundo o pensamento satânico, abandonou as leis de Deus para ser absolutamente livre e não sacrificado
pelos pecados de todo mundo.
Os
bodes não podem, mesmo com derramamento de sangue, remover os pecados (Hb
10:4), pois somente Jesus é o “cordeiro de Deus” que tira o pecado do mundo (Jo1:29).
Os bodes são, portanto, apenas alegorias que apontam para
uma expressão muito maior de expiação de pecados, que é o sacrifício de Jesus por todos e de uma vez
por todas (Hb 9:12).
Depois de Cristo,
não seria mais
necessário o ritual anual de expiação de pecados do povo através dos bodes e tão pouco a presença do sumo sacerdote como
mediador. Isso porque Jesus se fez sacrifício derramando o próprio sangue para
salvar o mundo e levou sobre si o pecado de muitos (Is 53:12).
Jesus também se
fez o sumo sacerdote mediador entre Deus e os homens porque ofereceu sangue próprio e não sangue alheio para
expiação dos pecados da humanidade. Mais do que isso, sendo Jesus imaculado,
não precisaria oferecer sacrifício por si próprio, como o faziam os sumo
sacerdotes da antiga aliança.
Ainda
que não se entenda claramente o que ou quem é Azazel, a verdade não contada é
que um bode morreu, mas o outro, mesmo
isolado e carregado de pecados, ficou vivo. Logo,essa representação trazia a morte, a separação, e principalmente a vida como partes significativas do ritual de
expiação de pecados.
No
ritual do antigo testamento, Aarão não poderia realizar essa representação com
apenas um bode, pois a morte é o fim da vida. Dessa forma, não haveria como, uma vez
morto, ressuscitar o bode sacrificado.
A
ressurreição de Cristo interpreta a alegoria dos bodes no ritual de expiação. Em
Jesus essa representação foi possível.
Antes de morrer, ele disse: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste”? Nesse momento, houve uma
separação de Deus porque ele carregava em si todos os pecados do mundo. Em
seguida, Jesus morreu, consumando com o derramamento do seu sangue o sacrifício
expiatório.
Porém, a história não terminou aqui, pois Cristo tendo se oferecido
uma vez para sempre para tirar o pecado de muitos, voltará sem
os pecados que levou para aqueles que aguardam a salvação (Hb 9:28).
A verdade é
que Jesus, sem os pecados que levou sobre si, voltou triunfante após
ressuscitar dos mortos e prometeu voltar de novo para buscar os que o esperam
pela salvação de Deus.
Assim, com o próprio sangue, Jesus firmou a nova aliança
entre Deus e os homens, e sendo ele próprio o mediador e remidor, é o Caminho, a Verdade e a Vida que religam o
homem a Deus, o seu criador e Pai eterno.
Reflexões
A Bíblia por si mesma explica a história do bode para Azazel?
Por que os pecados do homem precisam ser expiados?
O que “Azazel” significa na interpretação dos satanistas?
Atividades
1. Quais as semelhanças e diferenças entre o ritual de expiação de pecados de Aarão e de Cristo?
2. Como você entende a afirmação bíblica de que sem derramamento de sangue não há remissão de pecados? Por que, depois de Cristo, não foi mais necessário expiar pecados com derramamento de sangue?
3. Como Jesus se tornou sacrifício e sumo sacerdote no processo de expiação de pecados?